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Contribuições para Paz Mundial e o Diálogo Inter-religioso

Contribuições para Paz Mundial e o Diálogo Inter-religioso
março 15
15:13 2016

Há muitas maneiras de se resumir pensamento de Fethullah Gülen e de se descrever seu ativismo social. Ele é, primeiro e acima de tudo, um estudioso tradicional islâmico como um entendimento profundo do Alcorão, Suna, jurisprudência e história islâmica. É, também, um sufista, apesar de não pertencer a nenhum tipo específico de tarikah, ou fraternidade sufista. Sua fonte de influência mais imediata são os escritos do grande estudioso sufista turco, Said Nursi (1878-1960), escritor do influente comentário, em vários volumes, sobre o Alcorão, Risale-i Nur. Nursi era um sufista que seguia a mesma linha do grande poeta persa-anatólio Jalal ad-Din Rumi (1207-1273). Gülen compartilha com Nursi a convicção de que o diálogo inter-religioso e cooperação entre judeus, muçulmanos e cristãos deveriam ser uma das preocupações principais de intelectuais muçulmanos modernos. No entanto, enquanto Nursi, principalmente através de seu legado, Risale-i Nur, inspirou milhões de seguidores que se encontram regularmente para ler seus trabalhos, Gülen inspirou um vasto movimento social preocupado com filantropia religiosa prática, em grande escala.

Esta filantropia religiosa pode ser entendida, simplesmente, como algo que gira em torno de três temas ou elementos principais: um profundo desejo de diálogo, amor pelo aprendizado e paixão em servir.

O interesse profundo de Gülen pelo diálogo pode ser, claramente, discernido em seus trabalhos escritos e em seu ativismo pessoal. Em fevereiro de 1998, por exemplo, Gülen se encontrou com o Papa João Paulo II, tendo encontrado, anteriormente, muitos líderes religiosos, na Turquia e nações vizinhas. O grupo de maior evidência, orientado pra o diálogo, associado ao Movimento Gülen é a Fundação de Jornalistas e Escritores (FJE), estabelecida em 1994. Esta influente ONG vai além de reportagens e análises jornalísticas para apoiar iniciativas públicas de estratégia intelectual na promoção do diálogo.

Uma das atividades mais importantes da Fundação é a promoção de um fórum anual de verão, de alto nível, sobre diálogo conhecido como Plataforma Abant (que recebeu este nome devido ao local onde encontro anual acontece), concebida para reunir elementos díspares da elite cultural e política para que pudessem falar face a face sobre problemas urgentes de importância nacional. Cada Plataforma Abant produz uma Declaração Abant, que resume os problemas discutidos. A primeira Plataforma Abant aconteceu em julho de 1998 sob o tema “Islã e Secularismo”. Plataformas subsequentes lidaram com temas relacionados a “Religião e Relações de Estado” (julho de 1999), “Islã e Democracia” (julho de 2000) e “Pluralismo” (julho de 2001). Em abril de 2004, a Fundação de Jornalistas e Escritores levou a Plataforma Abant ao exterior, para a América, e promoveu um fórum bem-sucedido na Universidade Johns Hopkins, em Washington D.C., sobre o tema Islã e Democracia. Subsequentemente, a Plataforma Abant teve encontros na Europa e planeja uma série de encontros internacionais.

Em um sentido mais amplo, o fato de que, desde 1983, o Movimento Gülen abriu mais de 500 escolas na Turquia, Ásia, África e hemisfério ocidental – todas seculares, e muitas delas localizadas em áreas de dificuldade socioeconômicas tanto para comunidades muçulmanas quanto não-muçulmanas – pode ser visto como um exercício prático de diálogo. De maneira similar, a rede global de jornais, comercialmente bem-sucedida e largamente influente, assim como sua contraparte televisiva Samanyolu TV, com seu foco em um jornalismo objetivo, profissional e completo, mas não excessivamente religioso, entretenimento e educação podem, também, ser vistos como um exercício de diálogo. O equivalente mais próximo em publicações cristãs é o, surpreendentemente profissional, Christian Science Monitor.

O segundo elemento no pensamento de Gülen e no ativismo social do Movimento Gülen é o amor pelo aprendizado. Pode-se, facilmente, discernir este elemento nas escolas mencionadas anteriormente. Além destas escolas, há também um número de faculdades e universidades bem-conceituadas, como a Universidade Fatih, em Istambul e Ankara. Estas escolas, muitas das quais foram, deliberadamente, estabelecidas em algumas da partes mais pobres e necessitadas do mundo, são, em geral, muito bem-conceituadas e alcançam altos níveis educacionais em bairros, distritos e nações que não estão acostumadas à excelência em educação. O que as fazem tão notáveis, no contexto do mundo muçulmano, é seu compromisso com um aprendizado laico moderno, aberto a estudantes de todas as origens. As escolas, independentemente do país em que operam e da legislação pertencente à instrução religiosa em escolas, aderem consistentemente a um currículo secular. Neste e em muitos outros aspectos, eles são muito parecidos com escolas anglicanas, presbiterianas, metodistas ou católicas modernas. O jornal Zaman, Samanyolu TV e muitos dos livros e revistas publicados por editoras do Movimento Gülen, como Isik Publishing, também se mostram preocupados com a educação em um sentido mais amplo, semelhante à revista americana Reader’s Digest.

O Movimento Gülen trata a si mesmo e seus membros como pessoas engajadas em hizmet. A palavra turca hizmet pode ser traduzida como “serviço” e para os membros do Movimento Gülen, hizmet-serviço é visto de forma semelhante à que cristãos ativos usam a palavra serviço para descrever seu ativismo religioso e filantropia.

Algumas instituições associadas ao Movimento Gülen, como Zaman e Samanyolu TV, se tornaram tão bem-sucedidas comercialmente que foram capazes de se estabelecer como empresas regulares. No entanto, muitos outros aspectos dos trabalhos do Movimento, como a revista Fountain, dependem, pelo menos em parte, da contribuição de voluntários. As escolas, especialmente, são resultado de ativismo voluntário. O capital inicial para abertura de uma nova escola, frequentemente, em partes remotas da África ou Ásia, é tipicamente gerado por meio da filantropia de uma comunidade de empresários do Movimento Gülen, em determinadas cidades ou subúrbios. A ideia é que as escolas se tornem autossustentáveis após um tempo, porém, antes de isto ser possível, elas dependem de professores que deixam para trás os confortos de Istambul, Izmir ou Ankara para viajar a lugares como Cazaquistão, Nigéria e Camboja para servir como professores “missionários laicos”, por vários períodos letivos. Isto, mais do que qualquer outra coisa, personifica a noção do Movimento sobre hizmet, ou serviço.

Isto é muito do que pode ser dito sobre Fethullah Gülen e o movimento filantrópico inspirado por ele. Há muitos elementos a serem adicionados a um desejo profundo de diálogo, amor pelo aprendizado e compromisso em servir. No entanto, estes três elementos – diálogo, aprendizado e serviço – resumem as principais paixões de Gülen. Elas explicam porque é tão pertinente que a Cadeira para o Estudo do Islã e Relações Católico-Muçulmanas da Universidade Católica Nacional Australiana seja nomeada Cadeira Fethullah Gülen.

Enquanto cristãos e muçulmanos buscam promover o diálogo, aprofundar a compreensão e construir relações, vivemos um dos piores e melhores momentos. Certamente, vivemos momentos interessantes, em tempos desafiadores. Mas, hoje, devemos ser corajosos. Este novo século promete muito mais conquistas nas relações muçulmano-cristãs e no entendimento erudito de religião e de comunidades religiosas do que aquelas alcançadas no século passado. A inauguração desta Cadeira, nesta universidade, creio eu, representa algo muito bom e algo de grande significado que vai além de uma instituição e de uma nomeação. Isto, inşallah, se Deus quiser, é o início de algo grandioso.

Extraído do trabalho apresentado no lançamento da Cadeira Fethullah Gülen sobre o Estudo do Islã e Relações Católico-Muçulmanas da Universidade Católica Australiana (ACU National), 23 de novembro de 2007.

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