Alemanha informa simpatizantes do Hizmet sobre vigilância da MIT
Autoridades alemãs informaram os turcos ligados ao Hizmet (movimento inspirado nas ideias e opiniões do erudito turco Fethullah Gulen) sobre a vigilância da Organização da Inteligência Nacional Turca (MIT), na Alemanha, relatou a mídia alemã ontem.
De acordo com uma reportagem feita pelo Suddeutsche Zeitung com os canais de televisão NDR e WDR, a MIT preparou uma lista de 300 turcos e 200 escolas, associações e organizações que estejam ligadas ao Hizmet. As listas incluem endereços, números de telefone e fotos das pessoas.
O Subsecretário da MIT, Hakan Fidan, enviou a lista para Bruno Kahl, o chefe do Serviço Federal de Inteligência (BND) da Alemanha, durante a Conferência de Segurança em Munique no mês passado. Kahl encaminhou a lista para o governo federal e para todas as instituições de segurança, alega a reportagem. Após a avaliação da lista, peritos alemães concluíram que a maioria das fotos foram tiradas secretamente por câmeras de vigilância.
A reportagem também dizia que as autoridades alemãs começaram a avisar as pessoas que estão na lista da MIT. Tanto a agência de inteligência quanto a polícia assumiram a responsabilidade de informar os simpatizantes do Hizmet sobre a vigilância da MIT.
As tensões subiram entre a Turquia e a Alemanha por causa de operações contra imãs da União Turco-Islâmica para Assuntos Religiosos (DITIB) que foram acusados de estarem espionando as pessoas do Hizmet.
No mês passado, o coordenador da DITIB, Murat Kayman, anunciou sua renúncia por causa das acusações.
Equipes da polícia alemã fizeram uma batida nos apartamentos de quatro imãs da DITIB em Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado que são suspeitos de atuarem como informantes. O Escritório do Promotor Público Federal (GBA) disse em uma declaração que os imãs haviam atuado segundo uma ordem emitida e 20 de setembro do ano passado pelo diretorado para fazer e registrar o perfil de simpatizantes do Hizmet.
Em reação às investigações, o porta-voz do Presidente Recep Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin, disse que a Alemanha estava buscando uma “caça às bruxas” contra os imãs da DITIB, alegando que as operações eram motivadas politicamente.
Anteriormente, funcionários da DITIB admitiram fazer e registrar o perfil de simpatizantes do Hizmet baseando-se em instruções da autoridade religiosa mais alta da Turquia, o Diretorado de Assuntos Religiosos.
O governo turco e o Presidente Erdogan acusam o erudito muçulmano Fethullah Gulen e o movimento que ele inspirou de estarem por detrás da tentativa fracassada de golpe em 15 de julho de 2016.
Em uma entrevista publicada na revista Der Spiegel em 18 de março, o chefe do BND, Kahl, disse que apesar de tentativas em vários níveis, a Turquia não havia conseguido convencer Berlim de que o Hizmet ou Gulen estavam por detrás do golpe fracassado.
Em resposta à uma pergunta sobre o Hizmet, que foi designado como uma organização terrorista pelo Presidente Erdogan, o chefe da inteligência definiu o movimento como uma associação civil que fornece educação religiosa e secular através de várias instituições educacionais.
Gulen clamou por uma investigação internacional sobre a tentativa de golpe, mas o Presidente Erdogan – chamando a tentativa de golpe de “um grande presente de Deus” – juntamente ao governo iniciaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando-as sob custódia.
No começo de janeiro, um relatório preparado pelo Centro de Análise de Inteligência (IntCen) da União Europeia revelou que, apesar de o Presidente Erdogan e o governo turco terem colocado imediatamente a culpa pelo golpe fracassado de 15 de julho no Hizmet (movimento baseado na fé), a tentativa de golpe foi montada por uma gama de oponentes de Erdogan devido a temores de um expurgo iminente, de acordo com uma reportagem do jornal The Times.
Contrariamente às acusações feitas por Erdogan e o governo turco, o Comitê de Assuntos Estrangeiros do Parlamento Britânico concluiu em 25 de março que Gulen e o movimento que ele inspirou como um todo não estavam por detrás da tentativa de golpe na Turquia em 15 de julho passado.
Similarmente, Devin Nunes, presidente do Comitê Seleto Permanente Domiciliar sobre Inteligência dos Estados Unidos, disse na semana passada que não viu qualquer evidência que mostrasse o envolvimento de Gulen ou do Hizmet na tentativa fracassada de golpe na Turquia.
Fonte: www.turkishminute.com