Sadiq Khan, primeiro prefeito muçulmano de Londres
Sadiq Khan, o filho de um motorista de ônibus paquistanês, se tornou o primeiro prefeito muçulmano de Londres na sexta-feira, deixando para trás um adversário do Partido Conservador que tentou ligá-lo ao extremismo e assegurando uma tão necessária vitória para seu Partido Trabalhista, de oposição.
Quando o prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, enviou suas felicitações, Khan ainda tinha que receber uma notificação oficial de sua vitória, que contribuirá para acalmar as feridas do Partido Trabalhista que sofreu perdas nas outras eleições locais da quinta-feira.
Com um balde de água fria na Escócia, onde terminou em terceiro atrás do Partido Nacional Escocês e os governistas do Partido Conservador, o Partido Trabalhistas se saiu melhor do que esperado na Inglaterra, poupando seu líder esquerdista de um desafio precoce.
Mas o grande prêmio era o voto para prefeito de Londres, que colocou na disputa Khan, 45, que cresceu em uma habitação pública no centro da cidade de Londres, contra o Zac Goldsmith da Partido Conservador, 41, o filho de um financiador bilionário. Uma fonte próxima à contagem disse que Khan não poderia ser vencido na corrida.
De Blasio disse no Twitter: “Enviando felicitações ao novo prefeito de Londres e companheiro na defesa da habitação a preços acessíveis, @SadiqKhan”.
A margem de vitória de Khan parecia certa a ser mais estreita do que o esperado, como possível sinal de que uma amarga campanha manchada por acusações de antissemitismo e extremismo e acusações de antissemitismo nas fileiras do Partido Trabalhista podem ter tido seu impacto.
Os Conservadores ansiavam por manter o posto, que não governa o distrito financeiro da Cidade de Londres, mas que tem influência sobre o governo ao fazer lobby pela capital. O prefeito é responsável por áreas como o policiamento, transporte, habitação e o ambiente.
Acusações
Khan manteve sua liderança nas pesquisas de opinião, apesar de acusações feitas por Goldsmith de ter plataformas compartilhadas com oradores muçulmanos radicais e de dar “oxigênio” a extremistas.
Khan diz que tem lutado contra o extremismo por toda a sua vida e que se arrepende de ter compartilhado o palanque com oradores que tinham pontos de vista “abomináveis”.
O Partido Trabalhista acusou Goldsmith e o governista Partido Conservador de difamarem Khan. Goldsmith negou a acusação, dizendo que tinha levantado questões legítimas sobre o julgamento de seu oponente – mas as táticas de fato parecem ter saído pela culatra com alguns eleitores entrevistados pela Reuters dizendo que acharam a campanha “repugnante e nojenta”.
Enquanto combatia essas acusações, Khan, um ex advogado dos direitos humanos, também se distanciou do recém-eleito líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, depois de uma polêmica quanto ao antissemitismo.
O líder do Partido Trabalhista ordenou um inquérito sobre as acusações de antissemitismo depois de suspender Ken Livingstone, um aliado político e um ex prefeito de Londres, por dizer que Adolf Hitler tinha apoiado o Sionismo.
O impacto da crise foi difícil de medir na eleição de mais de 2.700 autoridades locais e autoridades recentemente devolvidas na Escócia e no País de Gales. Comparada às últimas eleições regionais em 2011, a parcela do Partido Trabalhista dos votos caiu 9,2 por cento na Escócia e 7,6 por cento no País de Gales, permitindo um grande espaço para o Partido da Independência do Reino Unido, que é anti-União Europeia, antes de um referendo sobre a adesão ao bloco em 23 de junho. Mas, com menos derrotas na Inglaterra do que esperado, Corbyn conseguiu reunir apoio o suficiente para prevenir um desafio precoce.
Corbyn, eleito líder partidário no ano passado durante uma onda de entusiasmo por mudança e por um fim à “política estabelecida”, entre, em sua maioria, membros mais jovens, recebeu positivamente alguns dos resultados e disse que lutaria para reestabelecer o Partido Trabalhista na Escócia.
“Nós persistimos e cultivamos apoio em vários lugares”, disse ele. Mas ele não fez muita coisa para abafar o criticismo sobre sua liderança em um partido que tem pulado de crise para crise, a mais recente uma polêmica sobre antissemitismo que forçou Corbyn a suspender Livingstone.
Richard Angell, diretor do grupo ativista “Progresso” do Partido Trabalhista, disse que o partido tinha que se focar em questões que dizem respeito aos eleitores. “Corbyn precisa agitar sua operação, expulsar Ken Livingstone como um primeiro passo no encerramento do problema de antissemitismo e para focar em uma política amigável ao eleitor”, contou ele à Reuters.
Tradução de: Renato José Lima Trevisan
Fonte: http://tribune.com.pk/