Voz da Turquia

 Últimas Notícias
  • Erdogan diz que a Turquia aprofundará laços com o Oriente enquanto continua voltada para o Ocidente O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, reafirmou que o país continuará voltado para o Ocidente, mas também aprofundará seus laços com o Oriente, incluindo grupos como BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Embora a Turquia, membro da OTAN, esteja explorando novas alianças com China, Rússia e outras potências orientais, Erdogan destacou que isso não sinaliza uma "mudança de eixo" geopolítica. A estratégia visa adaptar o país a novas potências econômicas e tecnológicas, fortalecendo o diálogo com várias organizações internacionais sem abandonar sua orientação ocidental....
  • Em funeral na Turquia, família lamenta morte de ativista americana morta por tiros israelenses Em um funeral na Turquia, a família da ativista turco-americana Aysenur Ezgi Eygi, morta por tiros israelenses na Cisjordânia, lamentou sua perda, enquanto críticos apontam o fracasso dos EUA em pressionar Israel por sua morte. Eygi, uma defensora apaixonada da causa palestina, foi sepultada em meio a manifestações pró-palestinas, com a ausência notável de autoridades americanas. A Turquia denunciou Israel e seus apoiadores, enquanto o governo dos EUA enfrenta críticas de familiares por sua resposta ao incidente....
  • Comunidade jurídica indignada enquanto tribunal turco ignora decisão da CEDH sobre professor Advogados e especialistas jurídicos na Turquia e no exterior expressaram choque e decepção com a decisão de um tribunal local na quinta-feira, que novamente condenou um ex-professor por terrorismo, apesar de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) ter constatado uma violação de seus direitos fundamentais em sua condenação em uma decisão do ano passado....
  • Turquia busca aprovação dos EUA para comprar motores de aviação da GE para jatos militares, diz relatório A Turquia pediu aos EUA permissão para comprar motores da GE Aerospace que pretende usar em jatos militares fabricados localmente, informou a BNN Bloomberg, com sede em Toronto, citando autoridades turcas familiarizadas com o assunto....
  • Turquia condena o roteiro de cooperação em defesa entre Chipre e EUA A Turquia criticou fortemente o acordo de defesa entre EUA e Chipre, alegando que prejudica a neutralidade e a segurança na ilha dividida, onde negociações de paz estão paralisadas desde 2017....
  • Nova aliança entre Egito e Turquia é testada por nova crise na Líbia A recente reaproximação entre Egito e Turquia está sendo desafiada pela crise política na Líbia, centrada no controle das riquezas petrolíferas do país. A destituição do governador do banco central líbio, Sadiq al-Kabir, que se exilou na Turquia, criou um impasse que ameaça o funcionamento econômico do país. Apesar dos acordos comerciais assinados por Sisi e Erdoğan, os países discordam sobre a política na Líbia: enquanto a Turquia apoia o governo de Trípoli, o Egito apoia Khalifa Haftar, no leste. A crise sobre a gestão das reservas petrolíferas e a estabilidade política da Líbia se tornou um teste crítico para esta nova aliança entre Egito e Turquia, com potenciais implicações na segurança regional e na migração. A comunidade internacional, preocupada com a estabilidade na Líbia, pressiona por uma solução consensual para evitar um colapso econômico e político....
  • Turquia busca fortalecer cooperação militar com a Macedônia do Norte, aumentando exercícios conjuntos Turquia e Macedônia do Norte intensificam cooperação militar com foco em exercícios conjuntos A Turquia planeja fortalecer sua cooperação militar com a Macedônia do Norte, conforme anunciado pelo Ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, durante visita a Skopje em 5 de setembro. Os países realizarão mais treinamentos e exercícios conjuntos, com apoio da indústria de defesa turca. Em paralelo, ocorreu a inauguração do escritório da Aselsan nos Balcãs. A Macedônia do Norte também explora a compra de equipamentos militares, como drones, da Turquia, após sua adesão à OTAN em 2020. A colaboração militar surgiu após desafios diplomáticos, com a Turquia insistindo na extradição de críticos do governo turco no passado....
  • Família de Erdogan saqueou dinheiro do petróleo russo em uma fraude massiva, provocando a ira de Putin Um esquema de fraude envolvendo a família do presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o petróleo russo foi exposto, levando à ira do presidente russo Vladimir Putin. A trama, que teria movimentado centenas de milhões de dólares, utilizava uma empresa fachada na Turquia, Mostrade, para comercializar petróleo russo sancionado. Mustafa Yiğit Zeren, ligado à família Erdogan, desempenhou um papel central no esquema, que envolveu desvio de lucros e a criação de empresas de fachada para movimentar bilhões. A resposta russa incluiu processos judiciais e até ações extremas para recuperar o valor fraudado. Com o cerco se fechando, Zeren desapareceu, temendo represálias. Esta fraude abalou as relações entre Rússia e Turquia, mostrando a gravidade das sanções e a resposta russa a violações financeiras. ...
  • Sisi, do Egito, faz primeira visita presidencial à Turquia em 12 anos O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, fez uma visita histórica à Turquia, a primeira em 12 anos, encontrando-se com o presidente turco Tayyip Erdogan para discutir a guerra em Gaza e fortalecer os laços entre os dois países, que foram severamente debilitados desde 2013. As relações entre os dois países começaram a melhorar em 2020 após uma iniciativa diplomática da Turquia. Durante a visita, os presidentes destacaram o desejo de aumentar o comércio bilateral de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões em cinco anos e assinaram 18 memorandos de cooperação em várias áreas, como energia, defesa e saúde. Ambos os líderes expressaram apoio à causa palestina e destacaram a importância de resolver a crise na Líbia por meio de eleições e a retirada de forças estrangeiras. A Turquia elogiou os esforços humanitários do Egito em Gaza e ambos anunciaram uma posição comum em busca de um cessar-fogo na região....
  • Turquia quer se juntar ao bloco BRICS de economias emergentes, confirma oficial A Turquia mostrou interesse em ingressar no bloco BRICS, composto por economias emergentes, conforme confirmado por um alto funcionário nesta terça-feira. O partido governista turco, liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, declarou que o desejo do país de se juntar ao bloco é claro, embora ainda não tenha enviado uma solicitação formal. O BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recentemente expandiu para incluir Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. A Turquia, que busca aumentar sua influência global e adotar uma política externa mais independente, enfrenta impasses em sua adesão à União Europeia e agora explora novas alianças internacionais como o BRICS. A possível inclusão da Turquia no BRICS será discutida em uma reunião futura na Rússia....

“É hora de parar de usar o islã como ferramenta de política e guerra”

“É hora de parar de usar o islã como ferramenta de política e guerra”
março 11
13:11 2016

Desde seus primórdios, o islã é usado como ferramenta nas disputas de poder. É hora de mudar isso

Nós muçulmanos gostamos de acreditar que a nossa é “uma religião da paz”, mas hoje o islã mais parece uma religião de conflito e derramamento de sangue. Das guerra civis na Síria, Iraque e Iêmen até as tensões internas no Líbano e Bahrein, da rivalidade perigosa entre o Irã e a Arábia Saudita, o Oriente Médio está empestado de conflitos intra-muçulmanos que parecem remontar à antiga rivalidade entre sunitas e xiitas.

A religião não está de fato no centro desses conflitos –invariavelmente, a política é a culpada. Mas o uso indevido do islã e de sua história torna esses conflitos políticos muito piores, à medida que partidos, governos e milícias alegam estar lutando não pelo poder ou por território, mas em nome de Deus. E quando os inimigos são vistos como hereges em vez de apenas oponentes, fica muito mais difícil se chegar à paz.

Essa confluência de religião e política também envenena o próprio Islã, ao obscurecer todos os ensinamentos teológicos e morais da religião. A ênfase do Alcorão na humildade e compaixão é suplantada pela arrogância e agressividade dos grupos em conflito.

Esse não é um problema novo no islã. Durante a liderança no século 7 do profeta Maomé, cuja liderança era aceita por todos os fiéis, os muçulmanos eram uma comunidade unida. Mas logo após a morte do Profeta, surgiu uma tensão que escalou até o derramamento de sangue. A questão não era como interpretar o Alcorão ou como entender as lições do Profeta. Tratava-se de poder político: quem –como califa, ou sucessor do profeta– teria o direito de governar?

Essa questão política até mesmo colocou a viúva do profeta, Aisha, contra o genro dele, Ali. Seus seguidores mataram uns aos outros aos milhares na infame Batalha do Camelo, em 656. No ano seguinte, eles travaram a ainda mais sangrenta Batalha de Siffin, na qual seguidores de Ali e de Mouáia 1º, o governador de Damasco, se enfrentaram, aprofundando as divisões que se tornaram o racha entre sunitas e xiitas que persiste até hoje.

Diferente dos primeiros cristãos, que se dividiram em seitas principalmente devido a disputas teológicas em torno da natureza de Cristo, os primeiros muçulmanos se dividiram em seitas por disputas políticas sobre quem deveria governá-los.

ENTENDA O QUE OPÕE OS SUNITAS DA ARÁBIA SAUDITA E OS XIITAS DO IRÃ



É hora de desfazermos essa confluência de religião e política. Em vez de vermos essa politização da religião como sendo natural –ou mesmo, como fazem alguns muçulmanos, algo para se orgulharem– nós devemos vê-la como um problema que exige uma solução.

Essa solução deveria começar com uma mudança de paradigma a respeito do próprio conceito de “califado”. Não se trata apenas do selvagem Estado Islâmico ter sequestrado esse conceito para seus próprios fins brutais. O problema vai mais fundo: o pensamento tradicional muçulmano considera o califado como uma parte inerente do islã, politizando não intencionalmente a fé por séculos. Mas isso não foi instruído nem pelo Alcorão e nem pelo Profeta, mas sim foi um produto da experiência histórica e política da comunidade muçulmana.

Assim que o pensamento muçulmano passou a ver o califado como uma parte integral da religião, os líderes políticos e os estudiosos islâmicos construíram uma tradição política autoritária em torno dele. Contanto que o califa fosse virtuoso e cumpridor da lei, os pensadores islâmicos obrigavam os muçulmanos a obedecê-lo.

Mas essa tradição não considerou que a virtude era relativa, que o próprio poder tinha uma influência corruptora e até mesmo governantes legítimos poderiam ter oponentes legítimos.

Em meados do século 19, o Império Otomano, então a sede do califado, deu um imenso passo à frente na tradição política muçulmana ao importar as instituições e normais liberais ocidentais. Os poderes do sultão foram limitados, foi estabelecido um Parlamento eleito e foi permitido partidos políticos. Esse esforço promissor, que tornaria o califa o chefe de uma monarquia democrática ao estilo britânico, foi apenas parcialmente bem-sucedido. Ele acabou quando a Turquia republicana aboliu a própria instituição do califado depois da Primeira Guerra Mundial.

O nascimento do movimento islamita moderno foi uma reação a esse vácuo pós-califado. Os islamitas excessivamente politizados não apenas mantiveram a visão tradicional de que a religião e o Estado são inseparáveis, como também remodelaram a religião como sendo o Estado.

“A verdadeira religião não é mais que o sistema decretado por Deus para governar os assuntos da vida humana”, escreveu Sayyid Qutb, um proeminente ideólogo islamita, nos anos 1960. E como Deus nunca de fato desceu para governar os assuntos humanos, os islamitas o fariam em Seu nome.

Nem todos os pensadores islâmicos adotaram essa linha. Said Nursi, um estudioso islâmico do século 20, via a política não como um reino sagrado, mas sim como uma zona diabólica de conflito. “Eu busco refúgio em Deus de Satã e da política”, ele escreveu. Seus seguidores formaram um movimento islâmico da sociedade civil na Turquia, pedindo apenas liberdade religiosa ao Estado.

Acadêmicos muçulmanos contemporâneos como Abdelwahab El-Affendi e Abdullahi Ahmed An-Na’im articularam poderosos argumentos islâmicos para a adoção de um secularismo liberal que respeita a religião. Eles apontam que os muçulmanos precisam do secularismo para poderem praticar sua religião como consideram adequado. Eu acrescentaria que os muçulmanos também precisam do secularismo para salvar a religião de servir como escrava de guerras ímpias de dominação.

Nada disso significa que o islã, com seus valores centrais de justiça, deva ser totalmente cego à política. A religião pode exercer um papel construtivo na vida política, como quando inspira as pessoas a falarem a verdade ao poder. Mas quando o islã se funde ao poder, ou se torna um grito de guerra nas lutas pelo poder, seus valores começam a desaparecer.

*(Mustafa Akyol é o autor de “Islam Without Extremes: A Muslim Case for Liberty” –”Islã sem extremos: um argumento muçulmano a favor da liberdade”, em tradução livre, não lançado no Brasil.)

Tradutor: George El Khouri Andolfato

Mustafa Akyol*
Em Istambul (Turquia) 04/02/2016

Fonte: http://noticias.uol.com.br/

Fonte: www.brasilturquia.com.br

Related Articles

Mailer