Modelo brasileiro sobre isolamento total na Turquia: ‘Não é uma opção’
A quarentena em prevenção ao novo coronavírus alterou a rotina de um brasileiro natural de Santos, no litoral de São Paulo, e que há três anos vive em Istambul, na Turquia. Ao G1, o modelo Walison Fonseca, de 34 anos, conta sobre a quarentena no país onde, até domingo (5), mais de 27 mil casos da doença foram confirmados e mais de 570 pessoas morreram.
Segundo Fonseca, a Turquia se aproxima do primeiro mês em quarentena e, entre as medidas adotadas para a contenção do coronavírus, o governo do país implementou medidas de higienização e monitoramento de passageiros do transporte público, como em metrôs, onde câmeras de segurança monitoram a temperatura dos usuários.
“No último dia em que eu trabalhei antes do isolamento, voltei para casa de metrô. Nesse dia, assim que saí do trem, policiais higienizavam as mãos dos passageiros com álcool em gel e as câmeras monitoravam a temperatura. Qualquer coisa diferente, o passageiro já era proibido de entrar no metrô. O isolamento não é uma opção”, afirma.
Walison vive com a esposa em Istambul e, desde o início da quarentena, ambos estão sem conseguir trabalhar devido ao isolamento social. “Eu sou modelo, ela é coach. Nenhum de nós está tendo qualquer contato com clientes. Afetou tudo por aqui”.
“Minha sorte é que, na semana da quarentena, eu tive quatro dias de trabalho que é o que está ajudando a me sustentar nesses dias. Não sabemos quanto tempo vai durar, como vai ser depois, mas vai mudar completamente o estilo de vida das pessoas”, aponta Fonseca.
Segundo o modelo, que tem família no Brasil, ele acompanha as notícias do país e percebe que, a partir de relatos de parentes e amigos, os brasileiros ainda não têm consciência da gravidade da doença. “Pelo que acompanho, uma parte das pessoas ainda não está levando a sério”.
“Por tudo o que estamos vendo, esse isolamento social é primordial. É um primeiro ‘remédio’ à doença, as pessoas tem que entender que não é uma opção. Além de não serem infectadas, as pessoas também não correm o risco de infectar outras pessoas”, afirma o modelo.
O comportamento, segundo Walison, é diferente do que vê na Turquia. “São culturas diferentes, mas dá para ver que as pessoas estão respeitando muito aqui. Eles são muçulmanos e usam a oração para passarem informações para as outras pessoas”.
“Santos é a minha cidade maravilhosa, mas fiquei espantado com a reação das pessoas. A prefeitura entrou com medidas mais restritivas, mas que tem que ser respeitadas. É nosso papel fazer isso por nós e pelos outros”.