Jorge Amado: São turcos ou árabes?
No Brasil há um conceito formado há mais de um século sobre palavra “turco”. Esse conceito -quase- nunca é citado para se referir ao idioma. Iniciou o uso se referindo aos árabes que vieram portando passaporte do Império Turco-Otomano, vindos, muitos deles, do Líbano e da Síria.
Após Primeira Guerra Mundial, o Império perdeu muitas partes do seu território e em 1923 foi fundada a República da Turquia. Com tratados, como Sevres e Lausanne as fronteiras daquela região foram redefinidas e os países árabes tiveram sua independência da nova Turquia, desta vez caindo na dependência dos países europeus.
Então, os “turcos” vindos no final dos anos 1800 e no início dos 1900, na verdade eram árabes. Porém, por não haver uma vinda expressiva de turcos da Turquia, esse conceito não mudou muito. Muitos dos brasileiros ainda chamam de árabes, até às vezes armênios e judeus, de turcos.
Estima-se que no Brasil haja mais de 7 milhões árabes de descendentes de árabes. Mas o número de turcos da Turquia, não passa de 300!
Jorge Amado, escreveu seu romance “A Descoberta da América Pelos Turcos” justamente se baseando nesta história.
Segue alguns trechos desse romancinho do Jorge Amado;
- ”..Os primeiros árabes a aportar no Brasil traziam documentos do Império Turco-Otomano, de modo que eram chamados indistintamente de ‘turcos’, fossem eles realmente turcos, libaneses ou sírios.”
- ”..Os primeiros a chegar do Oriente Médio traziam papéis do Império Otomano, motivo por que até os dias atuais são rotulados de turcos, a boa nação turca, uma das muitas que amalgadas compuseram e compõem a nação brasileira.”
- ”Vindos de distintas plagas, sertanejos, sergipanos, judeus, turcos – dizia-se turcos, eram árabes, sírios e libaneses-, todos eles brasileiros.”