Culinária de “Salve Jorge” foi parar em livro
Professora de culinária turca, Beril Eraydin Athayde reúne as receitas típicas do país. Ela se mudou para cá em 1999, apaixonada por um carioca que ela conheceu durante o mestrado em Londres, sempre presta consultoria quando o assunto é o seu país de origem.
Com o elenco de “Salve Jorge” não foi diferente: lá estava Beril ensinando atrizes como Zezé Polessa, Tania Khalill e Betty Gofman a cozinhar os pratos típicos da região. Do workshop para as globais, surgiu a ideia de reunir as receitas em um livro (“Os Temperos da Cozinha Turca”, da editora Addresses), o primeiro de culinária turca escrito no Brasil:
– Quando surge um assunto ligado à Turquia, as pessoas logo me acham. Até na Copa fizeram matéria comigo e com o meu marido num jogo entre as nossas seleções. Na verdade, isso acontece porque tem muito pouco turco no Brasil. Muita gente acha que é descendente de turco, mas na verdade é de sírio, libanês, egípcio..
– Há muitas similaridades até mesmo com a comida grega, país que também fez parte do Império Otomano – conta Beril, que uma vez por ano vai à Turquia visitar sua família e comprar produtos para as suas lojas Origens Objetos do Mundo, de produtos artesanais.
Entre os ingredientes mais comuns nos pratos turcos são arroz, azeite, folha de uva, berinjela, iogurte, peixe e carne de vitela ou de ovelha. O Kebab, esclarece Beril, é sim um prato típico, mas com variações regionais.
– É uma das culinárias mais ricas do mundo – define ela.
Há, claro, ingredientes difíceis de se encontrar por aqui. Mas, Beril teve o cuidado de dedicar um capítulo de correspondência com os produtos disponíveis em nossas feiras e mercados. Segundo ela, as especiarias estão entre os itens mais difíceis de se achar. No livro, no entanto, só entraram as receitas possíveis de fazer com o que temos no Brasil. Mas, ainda assim, alerta Beril, é preciso ter cuidado com os produtos que podem confundir:
– O pimentão verde daqui é gigante. O de lá é menor. Se você for fazer uma receita com um pimentão grande pode não dar certo. Nesses casos, indico procurar um tamanho menor.
O livro traz mais de 50 receitas que foram transmitidas a Beril por sua avó e por sua mãe. Sempre que ela sentia falta da comida da família, ligava para as duas perguntando como fazer isso ou aquilo. E assim foi aprendendo. A cobrança dos amigos também foi um estímulo para ela começar a encarar o fogão tentando reproduzir o ravióli turco e o folheado de batata e carne moída, dois de seus pratos preferidos.
– Quero passar essa tradição para as minhas duas filhas. O livro é um legado que deixo para elas, que poderão fazer as comidas para as suas amigas, já que todos os pratos foram aprovados por brasileiros. Isso é importante porque tem comidas que só são apreciadas por pessoas que estão inseridas naquela cultura – diz ela, que adora a culinária brasileira, mas admite que ainda não conseguiu gostar de feijoada.