O antes e o durante na Turquia e o brilho na volta: Vederson passa a carreira a limpo
Vederson é mais um dos muitos brasileiros que saíram jovens do Brasil e fizeram carreira internacional de sucesso em centros alternativos sem nunca ter, de fato, estourado no país. Revelado pelo Americano, de Campos dos Goytacazes, e com passagem por Internacional e Vasco, o lateral-esquerdo que também atua como meia acertou a ida em 2004 para Turquia e por lá ficou quase 13 anos. Passou por Ankaraspor, Bursaspor, Antalyaspor, Mersin Idman Yurdu e Fenerbahçe. Disputou a Liga dos Campeões e conviveu com grandes nomes como Alex, Roberto Carlos e Zico. Chegou, inclusive, a se naturalizar turco, agregou “Gökçek” ao nome e viveu a expectativa de defender a seleção local – o que acabou não acontecendo.
De volta às origens em abril, embarcou no sonho de colocar o Alvinegro de Campos – primeiro time da carreira – na elite do futebol do Rio de Janeiro e começou a dar os primeiros passos para isto na última semana. Entrou no segundo tempo do confronto do Cano com Queimados na última quarta-feira e ajudou o time na vitória por 3 a 0. No sábado, no primeiro jogo como titular, foi decisivo: marcou duas vezes na partida e foi o principal nome da equipe na vitória por 3 a 2 sobre o Serra Macaense que garantiu a primeira colocação da chave ao clube.
Nesta segunda-feira, o jogador, que na cidade natal é conhecido como “Nunu”, conversou com o GloboEsporte.com sobre a carreira. Da ida para a Turquia até a emoção de estrear como titular com gols nesta volta ao Cano, a entrevista você confere na íntegra abaixo.
Passagem por Vasco e Inter antes de ir para a Turquia
– Sim, atuei no Vasco em 2002 num período de 3 meses e no Internacional pelo brasileiro de 2001. No internacional foi um período muito bom, pois mesmo com 19 anos, tive a oportunidade de atuar como titular no brasileiro. Além de ter tido como técnico o Parreira e jogado ao lado de jogadores como Fábio Luciano, entre outros. Já no Vasco foi um período muito curto onde joguei em média uns 12 jogos. Eu jogava a Série B do Brasileirão pelo Ituano quando recebi a proposta da Turquia para o Ankaraspor, daí viajei, e o clube pagou minha multa.
Costumes diferentes foram complicados no começo
– No começo eu estranhei bastante, pois foi meio que um choque para mim, mas logo me apaixonei e resolvi tentar me adaptar o mais rápido possível a tudo na Turquia. Eu me naturalizei. Gökçek Vederson é meu nome turco, nome o qual foi dado pelo prefeito da capital Ankara, que é Melih Gökçek.
Fenerbahçe a pedido de Zico e encontro com Alex e Roberto Carlos
– Zico é um fenômeno, tanto como treinador quanto como pessoa. Me ensinou muito. Ainda tenho contato, porém, não muito. Histórias engraçadas com essas lendas eu via quase sempre (risos). A convivência era ótima, nos tínhamos uma relação muito boa tanto dentro quanto fora de campo.
Convite para atuar pela Turquia ficou no quase
– Com apenas dois anos e meio, recebi o convite para me naturalizar, pois viram a possibilidade de eu atuar pela seleção turca, já que estava em ótima fase. Infelizmente, não tive a convocação pra seleção concretizada, até hoje eu não sei o porquê, pois era sondado e cheguei até a conversar e entregar meu passaporte para obter visto para uma partida das eliminatórias da Euro.
Participar da Liga dos Campeões foi diferente de tudo
– Um sonho! Me sentia de verdade (risos), pois creio que é uma competição que qualquer jogador que participar, e eu tive a oportunidade de participar de três, chegando até as quartas de finais com o Fenerbahçe.
Retorno ao Brasil para atuar pelo clube que o revelou
– Depois de passar 12 anos e meio na Turquia, acabei rescindindo meu contrato com meu último clube em janeiro, daí, livre, fiquei à espera de aparecer algo melhor que o clube anterior, o que não aconteceu. Nisso, despertou a vontade antecipada de voltar ao Americano, recebendo rapidamente o convite do presidente. Falta do Brasil eu senti desde o momento que fui pra Turquia (risos), porém, fiquei sempre com o objetivo de fazer meu nome por lá.
Primeiro jogo como titular e dois gols para ajudar na vitória
– Voltar a jogar de titular foi uma surpresa, já que a equipe vinha bem no campeonato de forma invicta. Mas voltar e poder ter ajudado o time com dois gols, foi sensacional. Eu me preparei para isso. Treinei bastante durante esses dois meses e meio para que eu fosse premiado,e eu fui.
Americano na elite e retorno a um time de ponta na sequência
– Espero, primeiramente, levar o Americano ao lugar que não deveria ter saído, a Primeira Divisão, daí, depois quem sabe, poder atuar novamente em uma equipe de maior porte, para que depois eu possa retornar ao Americano e encerrar a carreira. Ainda sinto essa vontade de atuar por times brasileiros, mesmo quase completando 36 anos, me sinto bem disposto a isso.
Líder do Grupo A com 20 pontos, o Americano volta a entrar em campo pela Série B1 do Carioca na próxima quarta-feira, às 19h, para enfrentar o Sampaio Corrêa, no Aryzão, pela 10ª rodada.
Originalmente publicado em: http://globoesporte.globo.com