Governo turco nega fornecimento de internet a cidade de maioria curda por questões de “segurança”
Nusaybin, uma cidade predominantemente curda na província de Mardin, no sudeste da Turquia, sofre com o acesso restringido à Internet desde uma operação militar turca na Síria em outubro do ano passado.
A falta de acesso à Internet é supostamente devido a reduções de largura de banda impostas pelas autoridades por razões de “segurança”. Controles de segurança mais rígidos também foram observados nos postos de controle da polícia na entrada da cidade desde a incursão militar na Síria.
De acordo com relatórios da agência de notícias Mezopotamya (MA), os 100 mil moradores da cidade só podem acessar a Internet por meio de uma Rede Privada Virtual (VPN), um serviço que protege o tráfego privado da web e oculta sua atividade online.
As operadoras de rede móvel Türk Telekom e Vodafone não podem fornecer seus serviços aos residentes devido às restrições. Apenas o Turkcell pode ser usado parcialmente, mas com VPN, tornando aplicativos de mídia social como Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp inutilizáveis.
Devido à desaceleração da largura de banda, os alunos não podem se beneficiar dos serviços de ensino a distância por meio da Rede de Informação Educacional (EBA), que foi iniciada pelo estado como parte das precauções contra o COVID-19.
Fazendo fronteira com a cidade síria de Qamishli, Nusaybin já foi um próspero centro comercial. Também era um centro turístico por causa do Mosteiro Mor Yakup, de 1.500 anos, uma igreja-escola siríaca cristã.
O caso de Nusaybin – restrições à Internet em uma área específica – é o primeiro na história da Turquia. No entanto, uma restrição semelhante à Internet em todo o país pode ser vista nos próximos meses, com a entrada em vigor de uma nova lei que regulamenta as mídias sociais em 1º de outubro.
A lei veio com restrições e controle mais rígidos sobre as empresas de plataforma de Internet, que são obrigadas a cumprir uma série de requisitos, como a nomeação de um representante local, o armazenamento local de dados do usuário e a remoção de conteúdo considerado ofensivo em 48 horas.
No caso de não cumprimento do regulamento, as empresas de plataforma enfrentarão sanções, incluindo uma redução da largura de banda em até 90 por cento, o que significa, na prática, inacessibilidade aos sites para 83 milhões de pessoas que vivem no país.
Yaman Akdeniz, um proeminente especialista em direitos cibernéticos e acadêmico, tuitou na segunda-feira que o Facebook e o Instagram desafiariam a nova lei.
Fonte: Southeastern Turkish town denied Internet access for a year for ‘security reasons’