Avião turco quer disputar mercado com o Super Tucano da EMBRAER
TAI Hürkus é um treinador avançado com configuração semelhante ao avião brasileiro. Entregas começam em 2018 e já há até uma versão de ataque em desenvolvimento
A histórica disputa entre o Tucano, da Embraer, e o avião suíço PC-9, da Pilatus, deve ganhar mais um personagem, o treinador turco Hürkus. Desenvolvido e construído pela jovem empresa TAI (Turkish Aerospace Industries), o turbo-hélice lembra bastante a aeronave brasileira com configuração de asa baixa, assentos em tandem e motor Pratt & Whitney PT-6 com cinco pás.
Após aparecer pela primeira vez com a versão Hürkus-A em público durante o Salão de Le Bourget, em junho, o avião turco ganhou uma variante de ataque leve nos moldes do A-29 Super Tucano. Ela foi batizada como Hürkus-C e já voa em testes desde o início do ano. Capaz de transportar até 1.500 kg de armas, o Hürkus de ataque pode lançar desde bombas de queda livre, foguetes, bombas guiadas a laser e por GPS e canhões em suas asas – há também um sistema de aquisição de alvos por infravermelho e cockpit com visão noturna.
Por enquanto, o Hürkus (“pássaro livre” em turco) atraiu apenas a força aérea turca que encomendou 15 unidades da versão ‘B’ de treinamento avançado, e 12 aeronaves da versão ‘C’, além de 12 opções.
No centro dos conflitos
Comparado ao Super Tucano, o treinador da Turquia é um avião menor e mais leve. Tem 11,2 metros de comprimento contra 11,4 m do avião da Embraer. A envergadura é de 10 metros (contra 11 m do Tucano) enquanto o peso máximo de decolagem chega a 3.650 kg (versão A) – o A-29 decola com até 5.400 kg. O Tucano também é mais veloz, porém, o Hürkus parece ter um alcance maior, lembrando que os dois são equipados com motor e hélices semelhantes.
Ter um bom avião em mão não significa, no entanto, sucesso comercial. É preciso todo um conhecimento de mercado e uma reputação de pós-venda e assistência capaz de garantir confiabilidade ao projeto, sem falar no jogo político que envolve qualquer negócio na área de defesa. A jovem fabricante TAI, fundada em 2005, ainda não pode se vangloriar disso, mas a experiência recente da empresa que foi responsável pela montagem sob licença de caças, aviões de transporte, treinadores e helicópteros tem demonstrado que ela é bastante capaz.
Não é à toa que a HAI já tenha em seu portfólio também um helicóptero, o T-625, para 12 passageiros, e até drones avançados. Some-se a isso o teatro crítico onde a Turquia (vizinha do Iraque e com o Estado Islâmico na região) se enquadra e é possível ver que não faltarão situações em que o Hürkus será posto à prova em breve.
Ricardo Meier