Mídia social: uma alternativa na Turquia
O “Relatório da Notícia Digital do Instituto Reuters 2016” revelou que a mídia social tem se tornado cada vez mais uma plataforma alternativa para as notícias na Turquia, conforme o governo intensifica sua supressão de veículos de imprensa em sua maioria impressos.
O quinto relatório anual que explora o ambiente em transição que cerca as notícias por vários países está baseada em uma pesquisa de mais de 50.000 pessoas em 26 países. O estudo foi comissionado pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo para compreender como as notícias estão sendo consumidas em uma gama de países. A pesquisa foi conduzida pelo YouGov usando um questionário online no fim de janeiro/ começo de fevereiro de 2016.
De acordo com o relatório, 90 por cento das notícias que uma pessoa alcança em uma semana na Turquia é encontrado pela Internet, enquanto que 73 por cento dessas reportagens são encontradas pelas mídias sociais. Oitenta por cento das reportagens são vistas nos canais de TV, enquanto que 54 por cento são lidas nos jornais. Somando-se a isso, 41 por cento nas notícias são achadas através de estações de rádio.
A principal fonte na Turquia entre os órgãos mídia social é o Facebook, com 64 por cento. Enquanto que 31 por cento das pessoas chegam as suas notícias através do YouTube, 30 por cento usa o Twitter para esse fim. O WhatsApp e o Instagram estão entre aqueles menos usados como fontes de notícia, com 17 e 12 por cento respectivamente.
O relatório também enfatiza que a confiança na mídia de notícias diminuiu de 45% para 40% ao longo do ano passado na Turquia. Afirma-se que a Turquia – onde o governo tem sido repressivo aos jornais de oposição – presenciou uma perda de fé nas organizações de notícia devido à influência política sobre a mídia.
O relatório faz referência a recente apreensão do Grupo de Mídia Feza – que incluía o jornal mais vendido da Turquia, o Zaman – e do Grupo de Mídia Koza-Ipek, dizendo que a crescente pressão do governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) sobre jornalistas e proprietários de empresas de mídia aumentou a preocupação não somente quanto à liberdade de imprensa mas também quanto à democracia turca.
É revelado no relatório que, apesar das restrições e ocasionais bloqueios, a mídia social emergiu como um ferramenta de comunicação crucial para seguir os desenvolvimentos nacionais.
O relatório também afirma que um crescente número de empresas de notícia nascidas no meio digital provê uma plataforma para jornalistas e colunistas demitidos continuarem seu trabalho a despeito dos salários baixos.
De acordo com o relatório, a CNN Turk é a empresa online mais popular com 37 por cento e especialmente popular entre a população urbana e estudada, enquanto que o Hurriyet Online é o site de notícias de formal geral mais popular, com 35 por cento.
Portais nascidos apenas do mundo digital também estão crescendo conforme o relatório afirma. Enquanto que o Mynet é o mais popular com 36 por cento, o Internet Haber vem logo em seguida com 22 por cento. O En Son Haber e o Haber7 também são considerados como uma parte significante do cenário turco com 20 e 17 por cento, respectivamente.
Medyascope.tv, que transmite notícias através do Periscope, merece uma menção especial, de acordo com o relatório, como uma crescente e importante plataforma para o jornalismo livre. T34, Diken, Haberdar, e Bianet também são considerados como portais importantes de notícias que atraem audiências através da qualidade de seus colunistas e histórias exclusivas.
Em outubro do ano passado, a Turquia testemunhou a nomeação de um grupo de tutores para o Ipek Koza Holding em uma jogada apoiada pelo governo, que aparentemente teve a intenção de intimidar jornalistas independentes e que atraiu uma reação negativa generalizada.
Os tutores assumiram a diretoria dos jornais Bugun e Millet e dos canais Bugun TV e Kanalturk já em 28 de outubro quando a polícia entrou à força na sede de transmissão do grupo de mídia, sendo que nesse evento jornalistas e manifestantes alegaram terem sofrido atos de brutalidade da polícia. Os tutores imediatamente demitiram dezenas de jornalistas do grupo e transformaram os veículos de notícia, que costumavam ter uma postura crítica, em porta-vozes do governo. Esses veículos foram posteriormente fechados.
Tutores também assumiram a diretoria das Publicações Feza, que inclui os jornais Zaman e Today’s Zaman no começo de março. O Zaman era o jornal de maior vendagem no Turquia antes da nomeação dos tutores, vendendo 600.000 cópias diariamente.
Tradução: Renato José Lima Trevisan
Fonte: www.turkishminute.com