Voz da Turquia

O número de médicos na Turquia que optaram por ir para o exterior em busca de melhores oportunidades de trabalho e condições de trabalho atingiu 15.000, informou o diário Sözcü na quarta-feira, citando um deputado do partido nacionalista de oposição İYİ (Bom) Partido.

Turhan Çömez, que também é médico e ex-aliado do líder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) no governo, Presidente Recep Tayyip Erdoğan, falou ao Sözcü na quarta-feira sobre o aumento no número de médicos que buscam deixar o país.

Cada vez mais médicos estão se mudando para o exterior devido às más condições de trabalho e aos atos de violência na Turquia, que tem o menor número de médicos na Europa quando se considera a população dos países, de acordo com dados de 2021 da Eurostat, o escritório estatístico da União Europeia.

Profissionais de saúde que vislumbram seu futuro na Europa, Canadá, EUA, Emirados Árabes Unidos ou Catar incluem não apenas médicos que trabalham para hospitais estaduais ou universitários, mas também médicos autônomos.

As razões para a partida dos médicos incluem a falha do governo do AKP em atender às suas demandas por cargas de trabalho manejáveis, maior segurança e melhores salários, bem como a ocorrência diária de incidentes de violência física contra os trabalhadores da saúde em todo o país.

Segundo Çömez, pelo menos 15.000 médicos já deixaram a Turquia até agora, e isso continuará enquanto os profissionais de saúde no país não receberem o respeito, os direitos pessoais e o valor que merecem. Ele também disse que o sonho da maioria dos estudantes de medicina do último ano na Turquia é ir para o exterior e exercer sua profissão lá.

“Trabalhei na unidade de cirurgia geral e emergência de um hospital universitário no Reino Unido por 11 anos. Não presenciei nenhum tipo de violência verbal ou física [contra médicos]. … No entanto, não passa um dia sem que haja um ataque a um trabalhador da saúde na Turquia. Repetidamente levantamos essa questão, mas nenhuma medida efetiva foi tomada”, disse Çömez.

Quando questionado sobre os requisitos para que médicos turcos continuem uma carreira médica na União Europeia ou nos Estados Unidos, Çömez disse que eles precisam passar no exame de língua relevante para acreditação, além de exames médicos escritos e orais, e atender à condição de se formar em uma universidade reconhecida pela UE ou pelos EUA.

“Meu salário anual no Reino Unido era de £120.000. Após os impostos, eu recebia £7.000 (TL 294.000) por mês. Na Alemanha, um médico ganha pelo menos €4.000 (TL 140.000) por mês”, disse Çömez.

Erdoğan irritou a comunidade médica quando, em março de 2022, condenou o crescente número de médicos turcos que estavam optando por se mudar para o setor privado ou ir para o exterior em busca de melhores oportunidades de trabalho, dizendo que eles são livres para ir e que a Turquia encontraria maneiras de compensar sua perda.

Após enfrentar uma reação furiosa da comunidade médica, milhares de cujos membros foram às ruas na ocasião do Dia da Medicina, comemorado todo 14 de março na Turquia, Erdoğan mais tarde elogiou os esforços dos médicos, especialmente durante a pandemia, e disse: “A Turquia sempre precisa de seus médicos e é devedora a eles.”

As partidas dos médicos são uma triste condenação a Erdoğan, que aprimorou sua própria reputação ao expandir o sistema de saúde universal ao longo de seus 20 anos no poder. Mas as tensões das reformas promovidas por Erdoğan, além das provocadas pela pandemia e pelo aumento da inflação, minaram os próprios profissionais dos quais o sistema de saúde depende.

Há relatos frequentes sobre longos períodos de espera para cirurgias cruciais devido ao número insuficiente de médicos em alguns hospitais.

Fonte: 15,000 doctors have left Turkey for better opportunities abroad: opposition MP – Turkish Minute