338 mulheres na Turquia foram vítimas de feminicídio em um ano, diz relatório
Um total de 338 mulheres na Turquia foram assassinadas por homens nos últimos 12 meses, enquanto 248 morreram em circunstâncias suspeitas, informou a agência de notícias ANKA na sexta-feira, citando dados da Plataforma Vamos Parar o Feminicídio.
A plataforma divulgou um relatório na sexta-feira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, informando que 338 mulheres foram assassinadas por homens entre 8 de março de 2023 e 8 de março de 2024.
De acordo com o relatório, a maioria das mulheres foi morta por um parente próximo do sexo masculino: marido (134), namorado (47), filho (21), ex-namorado (17), pai (11) ou irmão (6).
A “motivação” mais comum para os assassinatos foi a recusa em se casar ou ter um relacionamento com seus assassinos, enquanto outros motivos incluíram “razões financeiras” e “ódio”.
O relatório também disse que 212 mulheres foram mortas em casa e 67 foram assassinadas na rua.
Doze mulheres foram mortas apesar de medidas protetivas, disse a plataforma, acrescentando que 36 haviam iniciado processos legais de divórcio dos agressores e 19 haviam registrado queixas contra os agressores na polícia e no Ministério Público.
Enquanto 200 mulheres foram mortas com uma arma de fogo, 96 foram esfaqueadas até a morte, 20 foram estranguladas, 12 foram espancadas até a morte, duas morreram por fogo e duas foram jogadas de uma altura, de acordo com o relatório.
A advogada Esin İzel Uysal, da plataforma, disse que houve um aumento significativo nos feminicídios após a Turquia se retirar da Convenção de Istambul. Ela acrescentou que as autoridades expressaram claramente que não moverão uma palha diante de violações dos direitos das mulheres.
Apesar da oposição da comunidade internacional e dos grupos de direitos das mulheres, a Turquia se retirou oficialmente da Convenção de Istambul em julho de 2021, que exige que os governos adotem legislação processando os perpetradores de violência doméstica e abuso semelhante, bem como estupro marital e mutilação genital feminina.
O presidente e líder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) no poder, Recep Tayyip Erdoğan, alegou na época que o tratado havia sido “sequestrado por um grupo de pessoas tentando normalizar a homossexualidade”, o que ele disse ser “incompatível” com os “valores sociais e familiares” da Turquia.
Feminicídios e violência contra mulheres são problemas crônicos na Turquia, onde mulheres são mortas, estupradas ou espancadas quase todos os dias. Muitos críticos dizem que a principal razão por trás da situação são as políticas do governo do AKP, que protege homens violentos e abusivos, concedendo-lhes impunidade.
Os tribunais turcos foram repetidamente criticados devido à sua tendência de aplicar sentenças leves aos agressores, alegando que o crime foi “motivado pela paixão” ou interpretando o silêncio das vítimas como consentimento.
Fonte: 338 women in Turkey fell victim to femicide in a year: report – Turkish Minute