Discurso de ódio na mídia turca visou principalmente a armênios
Entre as 2.265 colunas e notícias que incluem discurso de ódio baseado em etnia, nacionalidade ou afiliação religiosa na mídia turca, os armênios tornaram-se o grupo étnico mais visado, com 671 matérias entre janeiro e abril, de acordo com um relatório intitulado “Discurso de Ódio na Mídia” publicado pela Fundação Hrant Dink.
O relatório disse que 76 grupos estiveram sujeitos a cerca de 3.000 tipos diferentes de discurso de ódio por 105 veículos de mídia, de acordo com o jornal Salom.
Os armênios foram seguidos pelos judeus, com 427 casos de discurso de ódio, depois os gregos, sírios, turcos gregos e cristãos.
O discurso de ódio contra armênios aumentou em fevereiro devido ao aniversário do massacre de Khojaly, realizado pelos militares armênios sobre pessoas de etnia azerbaijana na vila de Khojaly, parte do Azerbaijão mas reivindicada pela Armênia, e em abril, no aniversário do Dia da Lembrança do Genocídio Armênio.
As autoridades turcas não reconhecem como genocídio o massacre de até 1,5 milhão de armênios em 1915 durante os últimos dias do Império Otomano.
O discurso de ódio contra judeus aumentou durante a abertura da Embaixada dos EUA em Jerusalém em maio, conforme críticas das políticas israelenses misturando conteúdos com insultos ao povo judeu emergiram, de acordo com o Salom.
No relatório de 2017, os judeus era o grupo mais visado na Turquia.
Conteúdo na mídia com discurso de ódio foi publicado por 41% da mídia nacional na Turquia e por 59% da mídia local. Os três maiores jornais nacionais que produziram discurso de ódio foram o pró-governo Yeni Akit, o islamista Milli Gazete e o ultranacionalista Yenicag.
De acordo com peritos, algumas mídias turcas têm usado linguagem discriminatória quando se referem ao apoio financeiro do governo a migrantes sírios, que também estiveram sujeitos a discurso de ódio quando um migrante cometeu um crime, informou a Euronews em maio.
Cerca de 3,5 milhões de sírios se refugiaram na Turquia depois de escaparem da Síria, devastada pela guerra.
A Fundação Hrant Dink foi estabelecida 11 anos atrás, dedicada à memória do jornalista turco-armênio Hrant Dink, que foi assassinado por um assassino nacionalista em 19 de janeiro de 2007 em meio a uma campanha de difamação contra ele.