Partido pró-curdo se reunirá com ministro da Justiça e afirma que esforços de paz entram em nova fase

Espera-se que o Partido pró-curdo da Igualdade e Democracia dos Povos (Partido DEM) se reúna com o ministro da Justiça da Turquia na próxima semana para discutir possíveis medidas legais no que autoridades do partido descrevem como uma nova fase no processo de paz curdo, após a reunião de quinta-feira com o presidente Recep Tayyip Erdoğan.
A parlamentar do Partido DEM, Pervin Buldan, que participou da reunião no palácio presidencial junto com o deputado por Istambul Sırrı Süreyya Önder, disse em uma entrevista televisionada no sábado que as conversas marcaram uma “nova etapa” nas discussões sobre o fim do conflito de décadas entre o estado turco e o ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Buldan disse que ela e Önder teriam mais conversas com o Ministro da Justiça Yılmaz Tunç nos próximos dias para analisar possíveis medidas legislativas.
Buldan não deu detalhes sobre quais leis específicas podem ser propostas, mas disse que as partes trocaram opiniões sobre uma série de questões, incluindo condições prisionais, o status legal de prisioneiros doentes e a questão de se as condições de Öcalan mudariam.
A reunião de quinta-feira marcou o primeiro contato direto entre Erdoğan e a chamada “delegação de İmralı” — parlamentares historicamente envolvidos nas negociações com Abdullah Öcalan, o líder preso do PKK — desde o colapso das negociações de paz em 2015. Altos funcionários, incluindo o vice-presidente do partido governista Justiça e Desenvolvimento (AKP), Efkan Ala, e o chefe de inteligência İbrahim Kalın, também participaram da reunião, que durou cerca de 90 minutos.
As conversas ocorrem semanas após uma declaração de Öcalan em fevereiro de 2025 pedindo ao PKK para depor as armas e se dissolver. O PKK declarou um cessar-fogo unilateral em 1º de março.
O governo turco não reconheceu oficialmente a mensagem de Öcalan nem comentou sobre o cessar-fogo do PKK. As operações militares contra posições do PKK no norte do Iraque e na Síria continuaram.
Após a reunião com Erdoğan, vários meios de comunicação turcos afirmaram que o Partido DEM havia apresentado uma lista de demandas de 13 pontos. Os itens supostamente incluíam o levantamento das restrições de comunicação de Öcalan, a libertação de presos doentes, a abolição da política de curadores (interventores) do governo em municípios curdos e emendas às leis antiterrorismo do país.
O Partido DEM negou ter submetido qualquer lista formal a Erdoğan. Em uma declaração escrita, a porta-voz do partido, Ayşegül Doğan, disse que os itens que circulavam refletiam demandas públicas de longa data e não haviam sido apresentados na forma de um pedido oficial durante a reunião.
“A delegação do Partido DEM avaliou como o processo poderia avançar”, dizia a declaração. “Os itens mencionados na imprensa não foram apresentados como uma lista de demandas, mas são questões que há muito discutimos publicamente.”
Embora Buldan tenha descrito a atmosfera da reunião de 10 de abril como construtiva e “esperançosa”, nenhuma decisão concreta ou cronograma foi anunciado. Permanece incerto se o governo introduzirá reformas legais ou se ocorrerão outras reuniões de alto nível.
Analistas observam que a decisão de Erdoğan de se reunir diretamente com figuras do Partido DEM — no palácio presidencial em vez da sede do AKP — é simbolicamente significativa, mas ainda não indica uma mudança política mais ampla.
Nenhuma declaração oficial foi feita pela presidência ou pelo ministério da justiça sobre as conversas ou qualquer agenda legislativa futura ligada aos esforços de paz.
Fonte: Pro-Kurdish party to meet with justice minister, says peace efforts enter new phase – Turkish Minute