Rússia responde à suposta oferta de aliado da OTAN para congelar guerra na Ucrânia
A Rússia não aceitará uma proposta, supostamente formulada pela Turquia, para encerrar os combates na Ucrânia após quase 1.000 dias de guerra, declarou o Kremlin na segunda-feira, à medida que a perspectiva de um cessar-fogo, que há muito parecia irrealista, começa a aparecer no horizonte com a nova presidência dos EUA.
A Bloomberg informou no domingo que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, estava preparando um plano para apresentar aos demais líderes do G20, que congelaria a guerra na Ucrânia ao longo das linhas de frente que atualmente serpenteiam por centenas de milhas através do país. O líder turco apresentaria os planos durante a cúpula no Rio de Janeiro, na segunda-feira, segundo o veículo de comunicação.
“A opção de congelar a linha de conflito militar é, a priori, inaceitável para o lado russo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na segunda-feira, respondendo à reportagem.
A Turquia, membro de longa data da OTAN, manteve vínculos com a Rússia por meio de um delicado equilíbrio. Ancara se posiciona como mediadora da paz, expressando apoio à candidatura da Ucrânia para ingressar na OTAN, ao mesmo tempo em que mantém linhas de comunicação abertas com Moscou e demonstra interesse em ingressar no grupo BRICS, atualmente liderado pela Rússia.
Erdogan e Putin
A Turquia ocupa uma posição estratégica ao sul da Ucrânia, controlando o acesso ao Mar Negro através dos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Isso limitou a capacidade da Rússia de movimentar submarinos e navios de guerra dentro e fora do Mar Negro.
Ao contrário de outros líderes da OTAN, Erdogan se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, ao longo da maior guerra terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Erdogan descreveu sua relação com o líder russo como baseada em “entendimento conjunto, confiança mútua e respeito”.
Putin não discutiu a proposta com Erdogan, disse Peskov, acrescentando que o Kremlin “ainda não possui quaisquer informações sobre esse assunto”. A Newsweek entrou em contato por e-mail com o gabinete presidencial turco para comentar o ocorrido.
O líder russo não mudará as condições que estabeleceu no início deste ano para um cessar-fogo, disse Peskov em declarações reportadas pela agência de notícias russa Interfax.
Em junho, Putin afirmou que consideraria um cessar-fogo ou o congelamento da guerra na Ucrânia caso Kyiv abandonasse suas esperanças de ingressar na OTAN e retirasse suas tropas das regiões da Ucrânia que a Rússia afirmou ter anexado.
Moscou controla a Crimeia, ao sul da Ucrânia continental, desde 2014, e declarou em setembro de 2022 que havia anexado as regiões de Donetsk e Luhansk, conhecidas coletivamente como o Donbass, bem como as regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia.
O controle do Kremlin sobre essas regiões não é reconhecido internacionalmente. Kyiv prometeu recuperar esses territórios.
O líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, insistiu que Kyiv precisa se juntar à OTAN o mais rápido possível e recusou-se a ceder território para Moscou.
As atitudes parecem estar mudando em relação a um cessar-fogo, à medida que os preparativos para que o presidente eleito Donald Trump retorne ao Salão Oval se iniciam. Trump prometeu cortar o fluxo de ajuda militar à Ucrânia — da qual Kyiv depende — e encerrar a guerra em um dia.
Autoridades na Europa temem que isso possa significar que o presidente eleito faça um acordo com o Kremlin, que vá contra os interesses da ala leste da OTAN e da própria Ucrânia.
Uma ideia circulada entre funcionários do círculo de Trump poderia ver a Ucrânia se comprometendo a não ingressar na OTAN por pelo menos 20 anos, enquanto Washington continuaria enviando armas ao país para dissuadir a Rússia de lançar novos ataques, informou o Wall Street Journal no início deste mês.
O conflito se tornaria congelado, com a Rússia mantendo o controle de cerca de um quinto da Ucrânia. Uma zona desmilitarizada marcaria o controle de Kyiv e Moscou ao longo das atuais linhas de frente, provavelmente policiadas por forças europeias.
Erdogan proporá que a Ucrânia adie as conversas sobre a adesão à OTAN por pelo menos uma década, de acordo com a *Bloomberg*, citando fontes não identificadas informadas sobre o pensamento do presidente. O plano incluiria uma zona desmilitarizada no leste da Ucrânia, onde tropas internacionais poderiam ser posicionadas, segundo o relatório.
Em um afastamento da posição adotada por muitos líderes da OTAN, o chanceler alemão Olaf Scholz conversou com Putin no final da semana passada pela primeira vez em cerca de dois anos.
“A Rússia deve mostrar disposição para negociar com a Ucrânia — com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura”, disse Scholz após a ligação. Um resumo do Kremlin disse que o líder alemão havia solicitado a conversa telefônica, a qual foi criticada por várias nações da OTAN.
Dois funcionários europeus, que pediram para não ser identificados, disseram à Bloomberg que havia uma crescente sensação de que Zelensky teria que negociar com Putin à medida que a guerra se prolongasse. A Rússia tem ganhado território de forma constante no leste da Ucrânia desde o início do ano, enquanto tanto Moscou quanto Kyiv buscam maneiras de reabastecer suas forças exaustas nas linhas de frente.
Fonte: Russia Responds to NATO Ally’s Alleged Offer to Freeze Ukraine War – Newsweek
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