Turquia bloqueia acesso a 93 artigos de notícias sobre investigação internacional envolvendo filho de Erdoğan
Um tribunal em Istambul decidiu impor uma proibição de acesso a 93 artigos de notícias, incluindo um relatório especial da Reuters que, nesta semana, informou sobre uma investigação internacional que envolve o filho do presidente Recep Tayyip Erdoğan, segundo o site de notícias Bianet.
Em seu relatório especial na segunda-feira, que provocou uma reação furiosa do governo turco, a Reuters informou que autoridades anticorrupção nos Estados Unidos e na Suécia estão revisando uma denúncia alegando que a Dignita Systems AB, afiliada sueca de uma empresa dos Estados Unidos, prometeu pagar dezenas de milhões de dólares em propinas se Bilal Erdoğan, filho do presidente Erdoğan, o ajudasse a obter uma posição de mercado dominante no país.
Embora nenhuma propina tenha sido paga, no final das contas, e a empresa tenha abandonado o projeto no final do ano passado, a denúncia fornece uma “visão rara” de como um investidor considerava Bilal Erdoğan como uma pessoa-chave para obter acesso ao presidente Erdoğan, que conquistou um novo mandato de cinco anos em 28 de maio, de acordo com a Reuters.
O 5º Tribunal Penal de Paz de Istambul decidiu na terça-feira proibir o acesso a 93 artigos de notícias com base em uma denúncia do advogado de Bilal Erdoğan, Ahmet Özel. Özel solicitou uma proibição dos artigos de notícias relevantes, alegando que os direitos pessoais de seu cliente estavam sendo violados. O tribunal aprovou o pedido.
Os tribunais turcos, que são criticados por agir sob ordens de Erdoğan e seu governo, são rápidos em proferir decisões para proibir conteúdo online que inclui críticas ou acusações contra o governo.
A Freedom House alertou em março que milhares de sites estão bloqueados na Turquia, onde o governo frequentemente bloqueia sites e ordena a remoção de conteúdo que expressa opiniões contrárias e tem histórico de bloquear o acesso a redes sociais populares em momentos de agitação política ou quando antecipa críticas.
A Reuters tem sido alvo de críticas na Turquia por parte de figuras pró-governo devido a seu relatório, com Fahrettin Altun, diretor de comunicações do presidente Erdoğan, descrevendo-o como um “produto de desinformação” e afirmando que era, do ponto de vista da história do jornalismo, “tanto uma mancha negra quanto um exemplo lamentável de uma organização de mídia com 171 anos humilhando-se publicamente”.
Além disso, alguns veículos de mídia pró-governo, como o Grupo de Mídia Albayrak, unilateralmente encerraram seu contrato com a agência de notícias Reuters devido à matéria sobre Bilal Erdoğan.
As alegações surgem em um momento delicado para as relações bilaterais entre a Turquia e a Suécia, pois a Turquia bloqueou recentemente a tentativa da Suécia de ingressar na OTAN, acusando o país nórdico de abrigar supostos terroristas. A investigação sobre os esforços da Dignita na Turquia torna as já tensas relações entre as duas nações ainda mais complicadas.
Fonte: Turkey blocks access to 93 news articles about int’l probe involving Erdoğan’s son – Turkish Minute