A Vitória de Recep Tayyip Erdoğan nas Eleições da Turquia
No último domingo, 24 de junho, a Turquia reelegeu Recep Tayyip Erdoğan, para mais cinco anos de mandato, inaugurando uma nova fase política daquele país.
Na segunda-feira, as autoridades turcas anunciaram a reeleição de Erdoğan que, superou os seus adversários e se sagrou vencedor no primeiro turno. Ele foi reeleito com 52,6% dos votos enquanto que, o seu principal adversário, Muharrem Ince recebeu 30,7%. O resultado do pleito eleitoral frustrou as expectativas da oposição, que estava esperançosa quanto à possibilidade da realização do segundo turno. O Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), do presidente eleito e seu aliado, o Partido de Ação Nacionalista (MHP), também venceram as eleições legislativas com 53,6% dos votos. Neste contexto, segundo especialistas, a Turquia entrou de vez, numa fase de retrocesso democrático. No entanto, durante uma entrevista, Erdoğan ressaltou o sucesso do processo eleitoral afirmando o “quão avançada é a democracia turca” e ainda, salientou que, “a Turquia está vivendo uma revolução”.
Esta última eleição turca é de fato, o marco de grandes transformações políticas, provocadas principalmente, pela mudança do sistema parlamentarista para o presidencialista. As consequências internas, provenientes desta alteração, elevam a hipótese de subversão da ordem política democrática, uma vez que o presidente terá amplos poderes. As modificações na política doméstica é uma realidade concreta e está associada ao caráter conservador e nacionalista de Erdoğan. A ideia de reforma constitucional concretizada no referendo realizado no ano passado, corresponde ao fortalecimento da figura do presidente, cujos reflexos poderão ser sentidos também, externamente. A Turquia é um importante membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, ao mesmo tempo é um país relevante para o equilíbrio no Oriente Médio. Ante esta posição de destaque ocupada pela Turquia, é necessário uma governação democrática. Porém, o modelo que acaba de entrar em vigor, cujo caráter é centralizador, difere daquele considerado essencial a um país com a capacidade de exercer influência regional e internacional. Deve-se levar em consideração que, uma Turquia pacífica é primordial para a estabilidade da região e para o Ocidente.
A nova realidade na Turquia, a primeira vista, parece ser totalmente favorável a Erdoğan e a seus aliados, no entanto, isto não é cem por cento verdadeiro. É fundamental ressaltar que, a oposição ao atual Governo será mais forte e, consequentemente poderá ameaçar as suas aspirações. Os três principais partidos até então divergentes, o secularista CHP, o islâmico Saadet e o Lyi, conseguiram ultrapassar os desentendimentos existentes entre eles e, hoje estão unidos em torno de um objetivo comum que é o combate ao Governo de Erdoğan. Todos estes fatores geram a possibilidade de um desequilíbrio político interno e da criação de uma situação explosiva se, associados as dificuldades econômicas enfrentadas pelos turcos. A desvalorização diária da lira turca frente ao dólar e o Euro e a “desvalorização da divisa nacional, que perdeu um quinto de seu valor em 2018”, contribuíram por exemplo, para o fortalecimento da oposição e poderão no futuro, colocar em risco o poder do mandatário turco.
Marli Barros Dias
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Imagem:
Recep Tayyip Erdoğan é reeleito presidente da Turquia
Fonte:
https://myhararetimes.com/category/recep-tayyip-erdogan/
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Publicado em: http://jornalri.com.br