Observadores da OSCE tem entrada recusada na Turquia
O governo turco, liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, proibiu dois parlamentares de entrarem na Turquia para participarem em uma missão de observação de eleições da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), suscitando alertas sobre a transparência e imparcialidade das eleições presidenciais e parlamentares no domingo.
As proibições para os dois parlamentares da Alemanha e Suécia, países europeus que são o lar para grandes comunidades de etnia turca, estão suscitando preocupações entre ativistas dos direitos, no sentido de que irregularidades na votação passarão sem fiscalização.
De acordo com uma reportagem da Deutsche Welle (DW), o governo turco proibiu o Parlamentar alemão Andrej Hunko de viajar para o país para servir como um observador da eleição, antes dos votos de ontem.
O governo turco acusa Hunko, um membro do Bundestag alemão para o Partido da Esquerda (Die Linke), de apoiar o ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Hunko estava marcado para viajar para a Turquia antes de ser notificado pela OSCE que teria a entrada negada.
Hunko contou à agência de notícias DPA da Alemanha que a OSCE lhe informou sobre o anúncio do embaixador turco pouco antes de seu voo de Viena para Ancara partir. Hunko, que também é um membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) para o Partido da Esquerda, participou como um observador eleitoral da OSCE no referendo constitucional de abril de 2017 na Turquia. O Ministério das Relações Exteriores alemão disse que estava buscando que a proibição fosse suspensa.
A oposição da Turquia alegou irregularidades no referendo, que foi aprovado por pouco e mudou a Turquia de um sistema parlamentar para um presidencial. Hunko criticou as “condições antidemocráticas e injustas” sob as quais essa votação foi realizada e sugeriu que uma possível fraude fosse responsável pela aprovação estreita do referendo.
Em uma entrevista com a emissora estatal alemã ARD em janeiro, o ministro das relações exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, sinalizou o Partido da Esquerda e Hunko como sendo “fãs da organização terrorista PKK.” Ele também fez referências a fotos de Hunko segurando um bandeira do PKK em manifestações curdas na Alemanha.
Hunko já apoiou tirar da lista o PKK como uma organização terrorista e criticou uma proibição alemã contra símbolos do PKK. Contudo, o deputado alemão rejeitou sugestões de que ele seja próximo ao PKK.
“É certamente absurdo que o governo turco aja como se eu fosse viajar como um observador eleitoral da OSCE na Turquia e fazer propaganda para o PKK,” disse Hunko na quinta-feira. “Isso mostra que o governo turco está nervoso com a votação.”
O Ministério das Relações Exteriores da Suécia também anunciou que Jabar Amin, um legislador sueco de origem turca do Partido dos Verdes, também teve a entrada recusada. De acordo com a The Associated Press, Amin teve seu passaporte confiscado quando chegou no Aeroporto Ataturk de Istambul e foi impedido de deixar o aeroporto.
“Nós apenas recentemente fomos informados que Jabar Amin teve negada a entrada para a Turquia. Trouxemos a questão até os representantes turcos e exigimos uma explicação,” disse Gunnar Vrang, um portavoz do ministério das relações exteriores sueco.
Amin mais tarde anunciou que havia retornado à Suécia.
A OSCE disse que “deplora” a negação da Turquia a dois membros de sua missão de observação para as eleições presidenciais e parlamentar de ontem “baseada em sua opinião política expressada publicamente.”
O grupo disse na quinta-feira de seu escritório em Copenhagen que a Turquia “não deveria — direta ou indiretamente — influenciar a composição da … missão.”
(Stockholm Center for Freedom [SCF] com o Turkish Minute)