Não há planos para reiniciar processo para resolver ‘ problema curdo ’ da Turquia, diz porta-voz
O governo turco não tem planos para reiniciar o processo com o objetivo de trazer uma resolução ao assim chamado “ problema curdo ” do país, disse um porta-voz presidencial na sexta-feira, de acordo com a agência de notícias estatal Anadolu.
Em uma declaração por escrito, o porta-voz Ibrahim Kalin disse: “Não há nada parecido com um ‘processo de resolução … nos planos do presidente.”
No começo de 2013, sob o então Primeiro-Ministro e atual Presidente Recep Tayyip Erdogan, o governo turco lançou uma iniciativa conhecida como o “processo de resolução” para acabar com um conflito de décadas com o ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
As autoridades turcas conduziram conversas diretas com o chefe preso do PKK, Abdullah Ocalan, por vários anos, até que uma trégua em vigor entrou em colapso no verão de 2015. Desde então, vem ocorrendo confrontos pesados entre o PKK e as forças de segurança turcas.
Kalin continuou: “O presidente exerceu grandes esforços durante tanto seu mandato como primeiro-ministro quanto presidente para todos os cidadãos da República da Turquia para viverem como indivíduos com direitos iguais. Ele rejeitou todas as formas de distinção baseadas na religião e etnia e mostrou isso através de suas ações concretas. Os nossos irmãos curdos, assim como todos os indivíduos, são igualmente cidadãos da República da Turquia.”
O governo turco começou uma repressão sobre o movimento político curdo, representado pelo Partido Democrático dos Povos (HDP), no final de 2016 com a prisão de políticos de alto escalão, incluindo os então co-presidentes, Figen Yuksekdag e Selahattin Demirtas, o que levou à detenção de pelo menos 5.000 membros do HDP, incluindo 80 prefeitos.
Administradores foram nomeados a dezenas de municipalidades no sudeste do país, que é predominantemente curdo. Há atualmente nove deputados do HDP atrás das grades. Os desenvolvimentos atraíram amplas críticas da região e de países ocidentais.
Kalin acrescentou que a luta determinada contra o terrorista PKK continuaria.
Mais de 40.000 pessoas, incluindo 5.500 membros das forças de segurança, foram mortas em quatro décadas de lutas no sudeste, entre o estado turco e o PKK, que é listado como uma organização terrorista pela Turquia, os EUA e a União Europeia.
O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH), em março, relatou alegações de que violações e abusos dos direitos humanos no sudeste da Turquia sejam massivos e sérios, pedindo ao governo turco acesso completo e sem restrições para ser capaz de avaliar diretamente, independentemente e objetivamente a situação dos direitos humanos na região.
Em um relatório de 28 páginas, o EACDH recomendou que a Turquia “renovasse os esforços para assegurar um final pacífico à situação; e para assegurar que cada perda de vida que ocorreu no curso de operações de segurança seja devidamente investigados, e que perpetradores de mortes ilegais e outras violações e abusos dos direitos humanos sejam trazidos à justiça.”