Tribunal da Bósnia nega pedido de extradição da Turquia
Um tribunal da Bósnia descartou um requerimento de extradição para a Turquia de um cidadão turco, um entre vários procurados por supostas ligações com o Movimento Gulen, que Ancara culpa pela tentativa fracassada de golpe na Turquia em 2016, informou a Reuters.
A decisão final do tribunal foi dada em uma época de uma maior pressão da Turquia sobre seus aliados para que deportem pessoas que ela acredita estarem ligadas a escolas financiadas por Fethullah Gulen, cujo movimento Ancara declarou como sendo uma organização terrorista.
No mês passado, seis cidadãos turcos presos em Kosovo por ligações com as escolas de Gulen foram extraditados secretamente para a Turquia, levando o primeiro-ministro de Kosovo, Ramush Haradinaj, a demitir o ministro do interior e o chefe de segurança de estado.
Ancara acusa Gulen, um clérigo muçulmano radicado nos EUA, de orquestrar a tentativa de golpe de 15 de julho de 2016. Ele nega qualquer conexão com a tentativa.
A Câmara de Recursos do tribunal estatal da Bósnia, no mês passado, decidiu contra a extradição de Humeyra Gokcen sob a justificativa de que ela havia requisitado asilo na Bósnia antes que a Turquia tivesse pedido por sua extradição. A decisão não foi tornada pública.
Na decisão obtida pela Reuters, o tribunal também disse que as alegações de que Gökçen era membro de uma organização terrorista não poderiam ser sustentadas porque a organização FETO não foi verificada como tal pelas resoluções das Nações Unidas ou do Conselho da Europa.
FETO é um termo pejorativo cunhado pelo governo turco para se referir ao movimento Gülen.
O tribunal não forneceu mais detalhes sobre o caso nem comentou se havia outros pedidos de deportação.
Mas uma fonte próxima à questão confirmou na segunda-feira à Reuters que a Turquia solicitou a extradição de várias outras pessoas que chegaram à Bósnia depois da tentativa de golpe por ligações com as escolas que se acredita serem financiadas pelo movimento Gülen.
Embora a Bósnia não tenha dado passos concretos contra essas escolas, alguns professores turcos deixaram o país sob pressão política desde o golpe fracassado.
No mês passado, durante sua visita a Sarajevo, o primeiro-ministro turco, Binali Yıldırım, disse que mais ações devem ser tomadas contra os seguidores de Gülen, especialmente nos setores de educação e negócios.
No seu auge, o movimento Gülen operava escolas em 160 países, do Afeganistão aos Estados Unidos. Desde a tentativa de golpe, a Turquia pressionou os aliados para fechar os estabelecimentos administrados por Gülen.
O Presidente Recep Tayyip Erdoğan e o seu governo do Partido do Desenvolvimento e Justiça (AKP) prosseguiram com uma repressão ao movimento Gülen após operações de corrupção em dezembro de 2013, em que o círculo interno do governo e o então Primeiro Ministro Erdoğan foram implicados.
Erdoğan também acusa o movimento Gülen de planejar uma tentativa fracassada de golpe na Turquia em 15 de julho de 2016.
Apesar do movimento negar fortemente o envolvimento no golpe fracassado, Erdoğan lançou uma caça às bruxas visando o movimento após a tentativa.
O ministro do Interior, Süleyman Soylu, disse em 18 de abril que o número total de pessoas que foram presas por supostos laços com o movimento Gülen entre 15 de julho de 2016 e 11 de abril de 2018 é de 77.081.
Soylu disse em 12 de dezembro que 234.419 passaportes foram revogados como parte das investigações sobre o movimento desde o golpe fracassado.
Em 16 de novembro, a Soylu disse que oito holdings e 1.020 empresas foram confiscadas como parte das operações contra o movimento.
O número de pessoas que foram investigadas por supostos laços com o movimento Gülen chegou a 402 mil em março, informou a agência de notícias estatal Anadolu em 15 de março.
Fonte: www.turkishminute.com