Turquia diz que relatório dos direitos humanos dos EUA está ‘cheio de representações falsas’
A Turquia, no domingo, criticou um documento do Departamento de Estado dos EUA publicado recentemente intitulado “ Relatório dos Direitos Humanos de 2017 da Turquia ”, dizendo que está “cheio de representações falsas, acusações e alegações inaceitáveis”.
“As medidas necessárias e proporcionais tomadas dentro do contexto de nossa justa e legítima luta contra organizações terroristas … são novamente apresentadas de uma maneira tendenciosa que não reflete as realidades”, disse o Ministério das Relações Externas em uma declaração no domingo sobre o relatório anual, que foi publicado na semana passada.
Em referência à caça às bruxas do governo turco que mira membros do Movimento Gulen, acusado de arquitetar um golpe fracassado em 2016, o Ministérios das Relações Exteriores disse que o relatório “que repete as narrativas de grupos afiliados a terroristas e representa mal e grosseiramente a luta contra o terrorismo como sendo ‘conflito interno’, foi preparado por um país que hospeda o líder da FETO”.
“FETO” é um termo derrogatório cunhado pelo governo turco para se referir ao Movimento Gulen, que é baseado na fé, inspirado pelo clérigo islâmico turco Fethullah Gulen, que vive em exílio autoimposto nos Estados Unidos.
O Movimento nega fortemente qualquer envolvimento no golpe fracassado.
O Ministério das Relações Exteriores acusou o Departamento de Estado de “ignorar” a luta contra “a organização terrorista radical FETO, que tentou se infiltrar nas instituições estatais para capturar o estado turco a partir de dentro, e acabou montando uma sangrenta tentativa de golpe …” e disse que a Turquia estava “entristecida” pois o relatório apresentou as “alegações e acusações de organizações afiliadas a terroristas como realidade”, dessa forma “politizando” a questão dos direitos humanos.
O Ministério das Relações Externas ainda continuou e recomendou que os países que levantam alegações injustas contra a Turquia primeiro “ponham um fim às violações sistemáticas dos direitos humanos contra seus próprios cidadãos”.
“A Turquia mantém resolutamente seu comprometimento com os princípios da democracia, direitos humanos e o estado de direito enquanto luta intensamente contra diversas e severas ameaças terroristas”, alegava a declaração, acrescentando que “continuaremos a agir de acordo com as nossas obrigações internacionais e trabalharemos ininterruptamente para fortalecer ainda mais os direitos e liberdades fundamentais”.
A Turquia sobreviveu uma tentativa de golpe em 15 de julho de 2016 que matou 249 pessoas. Imediatamente após a tentativa, o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) juntamente ao Presidente Recep Tayyip Erdogan colocaram a culpa no Movimento Gulen.
Gulen, que inspirou o Movimento, negou fortemente ter qualquer papel no golpe fracassado e pediu por uma investigação internacional sobre o caso, mas o Presidente Erdogan — chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” — e o governo iniciaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do Movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando-as em custódia.
A Turquia suspendeu ou demitiu mais de 150.000 juízes, professores, policiais e funcionários públicos desde 15 de julho de 2016. Em 13 de dezembro de 2017 o Ministério da Justiça anunciou que 169.013 pessoas estiveram sujeitas a procedimentos legais sob acusações de golpe desde o golpe fracassado.
O Ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, anunciou em 18 de abril de 2018 que o governo turco havia prendido 77.081 pessoas entre 15 de julho de 2016 e 11 de abril de 2018 por supostas ligações com o Movimento Gulen.
Fonte: www.turkishminute.com