Júri considera Atilla culpado em 5 acusações em esquema de evasão de sanções dos EUA
O júri no julgamento de Mehmet Hakan Atilla, um executivo do Halkbank da Turquia acusado de participar em um esquema para evadir sanções dos EUA sobre o Irã, no tribunal federal americano, na quarta-feira, chegou a um veredito de culpado em cinco acusações, incluindo fraude bancária e conspiração, e inocente em uma acusação de lavagem de dinheiro.
Atilla e Reza Zarrab, comerciante de ouro turco-iraniano, e sete outras pessoas, incluindo o ex-ministro da economia da Turquia e ainda mais dois executivos do Halkbank, foram acusados de se envolverem em transações no valor de centenas de milhões de dólares para o governo do Irã e entidades iranianas de 2010 a 2015 em um esquema para evadir sanções dos EUA.
Apenas Zarrab e Atilla estão atualmente na custódia dos EUA depois de serem presos separadamente quando tentavam entrar nos Estados Unidos em 2016 e 2017, respectivamente.
Os promotores retrataram Atilla como um perito em sanções que projetou o complexo esquema e então mentiu às autoridades do Departamento do Tesouro dos EUA sobre isso. Ele mentiu novamente, argumentam eles, quanto depôs em sua própria defesa no julgamento, informou o The New York Times.
“Por que o Sr. Atilla contou essas mentiras?” disse Michael D. Lockard, um procurador federal, em uma argumentação de encerramento. “Para ajudar seu banco, para ajudar os clientes de seu banco – clientes como o Sr. Zarrab, clientes como o governo do Irã, o Banco Central do Irã, a empresa Petróleo Iraniano Nacional. Mentiras que ele contou para impedir que seu banco fosso posto na lista negra do sistema financeiro americano”.
Atilla negou que havia conspirado com Zarrab ou que estivera envolvido em qualquer outro delito.
Joon Kim, procurador federal americano em Manhattan, emitiu uma declaração depois que o veredito foi lido. “Hoje, após um julgamento completo, justo e aberto, um júri unânime condenou Hakan Atilla, um banqueiro sênior do Halkbank. Juntamente à confissão de culpa anterior de Reza Zarrab, os dois homens no coração desse esquema massivo e descarado que fez um buraco de um bilhão de dólares no esquema de sanções ao Irã agora se encontram condenados por crimes federais sérios. Bancos e banqueiros estrangeiros têm uma escolha: vocês podem escolher deliberadamente ajudar o Irã e outras nações sancionadas a evadirem a lei dos EUA, ou vocês podem escolher fazer parte da comunidade bancária internacional transacionando em dólares americanos. Mas vocês não podem fazem ambas as coisas”.
Zarrab fez uma delação premiada com os promotores e serviu como a testemunha chave no julgamento de Atilla.
O juiz Richard Berman havia negado dois pedidos de defesa por um julgamento anulado, escrevendo em sua última decisão que “Atilla recebeu um julgamento completamente justo e transparente”.
Zarrab testemunhou no tribunal federal de Nova Iorque no começo de dezembro que havia pagado propina ao ex- ministro da economia da Turquia, Mehmet Zafer Caglayan, em um esquema de um bilhão de dólares para contrabandear ouro por petróleo, em violação a sanções dos EUA sobre o Irã.
Zarrab disse que o então primeiro-ministro da Turquia e atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, autorizou pessoalmente o envolvimento de bancos turcos no esquema.
Zarrab também disse que fez pagamentos para assegurar sua soltura em fevereiro de 2014 e que esses pagamentos eram em parte propinas.
O governo turco confiscou os bens de Zarrab e seu parentes logo após seu depoimento no tribunal dos EUA.
Huseyin Korkmaz, um ex-policial de Istambul que depôs no julgamento de Atilla em Nova Iorque, chamou Erdogan de o alvo “Nº 1” em um grupo que também incluía Caglayan, e Suleyman Aslan, um ex-executivo chefe do Halkbank, um grande banco do estado turco que foi central ao esquema de quebra de sanções.
Registros da polícia das operações de 17 de dezembro mostram que Zarrab conversou pessoalmente com Erdogan em 13 de abril de 2013 e pediu por uma guarda policial oficial. Erdogan e seu Gabinete aprovaram isso imediatamente.
Uma ligação telefônica e um vídeo no arquivo de 17 de dezembro mostram que Zarrab em julho de 2013 enviou uma quantidade nas especificada de dinheiro à Fundação Serviço para a Juventude e Educação da Turquia (TURGEV), gerenciada por Bilal Erdogan, filho de Erdogan.
A Turquia emitiu mandatos de detenção para seis membros da família de Korkmaz logo após seu depoimento.
O presidente turco Erdogan disse em 29 de dezembro que Atilla não era culpado que pensava que o júri no tribunal de Nova Iorque decidiria do mesmo modo.
“A partir de hoje, penso que pode se ver que Hakan Atilla não é culpado. Penso que o júri também viu isso”, contou Erdogan aos jornalistas em seu avião enquanto retornava de uma volta pela África.
“Penso que os procedimentos envolvendo Hakan Atilla acabarão conforme os nosso banco [Halkbank] espera. A nossa expectativa é mesma”, acrescentou Erdogan.
O ministro da justiça da Turquia, Abdulhamit Gul, disse no começo de dezembro que o julgamento de Atilla carecia de uma base na lei.
“Quando você olha para o interrogatório e todas as fases do julgamento, por enquanto o caso entrou em colapso. Não tem validade legal”, contou Gul à emissora de TV Kanal 24.
O ministro turco alegou que tanto o promotor quanto o juiz estavam ligados Movimento Gulen (que é baseado na fé), declarado como um grande inimigo pelo Presidente Erdogan e acusado por ele de arquitetar o golpe fracassado em 2016.
Gul disse que se um crime é cometido na Turquia, ele deve ser julgado por tribunais turcos. “Os tribunais turcos já emitiram uma decisão sobre essa questão”, acrescentou ele.
Fonte: www.turkishminute.com