Zarrab envolve o presidente da Turquia em esquema para evadir sanções dos EUA sobre o Irã
Reza Zarrab, comerciante de ouro turco-iraniano, depôs no tribunal federal de Nova Iorque na quinta-feira que o então primeiro-ministro e atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, autorizou pessoalmente o envolvimento de bancos turcos em um esquema para evadir sanções americanas sobre o Irã, informou a Reuters.
Zarrab também disse pela primeira vez na quinta-feira que o Ziraat Bank e o VakifBank da Turquia estavam envolvidos no esquema e que o ex-Vice Primeiro-Ministro Ali Babacan se desconectou com Erdogan na operação, de acordo com o Daily Beast.
“O primeiro-ministro naquela época, Recep Tayyip Erdogan … havia dado instruções, havia dado uma ordem, para [os bancos Ziraat e Vakif] começarem a fazer o comércio”, depôs Zarrab.
Zarrab está cooperando com os promotores dos EUA no julgamento de Mehmet Hakan Atilla, um executivo do Halkbank, que pertence ao estado da Turquia, acusado de ajudar a lavar dinheiro para o Irã.
Zarrab contou aos jurados que ele comandava um esquema de lavagem de dinheiro internacional para ajudar o Irã a evadir as sanções dos EUA e gastar seu rendimento de petróleo e gás fora do país. Ele disse que ajudou o Irã a usar fundos depositados no Halkbank para comprar ouro, que ele contrabandeava para Dubai e vendia por dinheiro vivo, disse a Reuters.
Os promotores americanos acusaram nove pessoas no caso, apesar de que apenas Zarrab e Atilla foram presos pelas autoridades americanas. Os promotores disseram que os réus eram parte de um esquema de 2010 a 2015 que envolvia comércio de ouro e compras falsas de comida para dar ao Irã acesso a mercados internacionais, violando as sanções dos EUA.
O comerciante de ouro Zarrab disse que Atilla ajudou a desenhar as transações juntamente ao antigo diretor-geral do Halkbank, Suleyman Aslan, e que pagou propinas de mais de 50 milhões de euros mais 7 milhões de dólares a Mehmet Zafer Caglayan, o ministro da economia da Turquia na época, para que avançassem com o esquema, e também a Aslan. Ele também disse na quarta-feira que Caglayan pediu por 50 por cento dos lucros gerados pelo esquema, que estava sendo comandado através do banco estatal Halkbank.
Foi Caglayan que lhe contou da aprovação de Erdogan ao Ziraat Bank e o Vakifbank para participarem no esquema, disse Zarrab.
O governo turco disse que Caglayan agiu dentro das leis turcas e internacionais, e o Halkbank alega que todas as suas transações estavam conforme as regulações nacionais e internacionais.
A reportagem da Reuters também disse que Zarrab admitiu na quinta-feira que ele havia tentado duplicar seu esquema na China mas que os bancos chineses perceberam que tinha alguma coisa a ver com o Irã e lhe fecharam as portas.
Fonte: www.turkishminute.com