Zarrab testemunha no tribunal que pagou propina ao ministro da economia turco
Reza Zarrab, comerciante de ouro turco-iraniano, testemunhou em um tribunal federal na quarta-feira que havia pagado propina ao ex-ministro da economia da Turquia, Mehmet Zafer Caglayan, em um esquema de bilhões de dólares para contrabandear ouro por petróleo, em violação das sanções americanas sobre o Irã, informou o The New York Times.
Sob custódia dos EUA desde março de 2016, esperava-se que Zarrab passasse por julgamento com Mehmet Hakan Atilla, um executivo do banco estatal Halkbank da Turquia, que os promotores alegaram que esteve envolvido no esquema. Mas Zarrab secretamente se declarou culpado no mês passado e concordou em cooperar com as autoridades.
“Cooperação foi o caminho mais rápido para aceitar responsabilidade e sair da cadeia ao mesmo tempo”, disse Zarrab em resposta a uma pergunta de um promotor que queria saber porque ele concordou em trabalhar com as autoridades americanas.
No primeiro dia de depoimento, Zarrab detalhou como ele realizou o esquema, dizendo que havia pago a Caglayan dezenas de milhões de dólares em propinas, analisando registros de contabilidade para o júri que foram mostrados em uma tela que listava as quantidades e datas dos pagamentos.
Desenhando um gráfico ilustrando como o esquema funcionava, Zarrab contou pelo menos 10 transações que receberam o dinheiro “de onde não poderia sair, para onde não poderia ir”, respondendo a uma pergunta feita pelo Juiz Richard Berman.
Zarrab contou ao promotor Sidhardha Kamaraju que havia contratado advogados para ver se ele poderia ser solto como parte de uma troca de prisioneiros, mas disse que não teve sucesso. Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova Iorque e aliado de Donald Trump, e o ex-Procurador Geral dos EUA Michael Mukasey tinham sido retidos para se assegurar uma solução diplomática para o caso de Zarrab, reunindo-se com o presidente Turco Recep Tayyip Erdogan e altos funcionários de Trump, mas não dando em nada.
O processo contra Zarrab, Atilla e sete outros que permanecem foragidos, incluindo Caglayan, disparou alarmes no governo turco.
Em uma investigação de 2013 na Turquia, quando Erdogan era o primeiro ministro, haviam surgido alegações de que Caglayan havia recebido propinas, mas a investigação foi fechada por funcionários turcos corruptos e os policiais e promotores envolvidos nela foram removidos, o promotor contou ao júri, acrescentando que o FBI, contudo, havia prosseguido com as alegações, e a investigação deles “conta uma história diferente” conforme a polícia turca havia descoberto.
No final do dia na Turquia e mais de quatro horas depois que Zarrab testemunhou ter pagado propina a Caglayan, notícias do depoimento não tinham sido transmitidas nem por pela emissora estatal turca nem por agências de notícias estatais, mas o Twitter estava “alvoroçado com dezenas de milhares de turcos seguindo ao vivo as notícias de outros veículos de mídia, tais com a BBC Turkish e outros sites independentes de notícias, fazendo com que ‘Zafer Caglayan’ se tornasse em uma tendência mundial no Twitter”, informou o The New York Times.
Fonte: www.turkishminute.com