“Não vemos o Movimento Gulen como uma organização terrorista”, diz Kerchove da UE
Gilles de Kerchove, o coordenador de contraterrorismo da União Europeia, disse que a UE não compartilha da visão da Turquia de que o Movimento Gulen, que é baseado na fé e inspirado pelo erudito islâmico turco Fethullah Gulen, seja uma organização terrorista e que precisaria ver evidências “substanciais” para mudar sua posição, informou a Reuters na quarta-feira.
“Quanto à FETO [um termo derrogatório cunhado pelo governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) para se referir ao Movimento Gulen], não o vemos como uma organização terrorista, e não acredito que a UE esteja propensa a mudar sua posição em breve”, disse Kerchove.
“Você precisa não apenas de evidências circunstanciais — como apenas baixar um aplicativo — mas dados substanciais concretos que mostrem que eles estavam envolvidos…” disse ele à Reuters em uma entrevista.
Espera-se que os comentários de Kerchove causem indignação na Turquia.
Erdogan e seu governo lançaram uma guerra aberta contra o movimento Gulen logo após operações de corrupção em dezembro de 2013, em que ministros e o filho do então Primeiro-Ministro Erdogan foram acusados de terem recebido propinas de um empresário iraniano para facilitarem transações que beneficiassem o Irã.
Depois que Erdogan colocou o caso como uma tentativa de golpe para derrubar seu governo orquestrada por seu inimigos políticos, vários promotores foram removidos do caso, policiais foram transferidos e a investigação de corrupção foi abandonada.
Erdogan exortou publicamente as pessoas a não enviarem seus filhos a escolas do Movimento Gulen, a não lerem ou assistirem suas mídias e a não colocarem o dinheiro deles no Bank Asya. Todos eram legais mas estavam ligados ao Movimento Gulen.
Tribunais penais de paz, que foram estabelecidos pelo governo de Erdogan no meio de 2014, começaram a prender pessoas e a confiscar empresas, veículos de mídia e escolas ligados ao Movimento Gulen do meio de 2014 em diante.
Erdogan também acusa o Movimento Gulen de arquitetar uma tentativa fracassada de golpe na Turquia em 15 de julho de 2016.
Gulen, que inspirou o Movimento, negou fortemente ter qualquer papel no golpe fracassado e clamou por uma investigação internacional sobre o caso, mas o Presidente Erdogan — chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” — e o governo iniciaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando sua figuras populares e colocando-as sob custódia.
A Turquia suspendeu ou dispensou mais de 150.000 juízes, professores, policiais e servidores civis desde 15 de julho de 2016. O Ministério da Justiça da Turquia anunciou em 13 de julho que 50.510 pessoas foram presas e que 169.013 estiveram sujeitas a procedimentos legais sob acusações de golpe desde o golpe fracassado.
O governo confiscou pelo menos 1.068 empresas e 4.888 propriedades como parte de uma caça às bruxas voltada ao Movimento Gulen.
Fonte: www.turkishminute.com