Noruega desculpou-se à Turquia devido a incidente em exercício da OTAN
O Governo da Noruega desculpou-se hoje perante a Turquia pelo incidente ocorrido nas manobras da OTAN no país escandinavo, motivado pela utilização do nome do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, entre outros, como “inimigo” num exercício militar da organização.
“O aviso para o exercício enviado a uma rede interna, que motivou a reação turca, foi escrito por uma pessoa e de nenhuma maneira reflete o ponto de vista norueguês”, garantiu o ministro da defesa da Noruega, Frank Bakke-Jensen, em documento escrito remetido a agência NTB.
O membro do Governo norueguês ressalvou que a Turquia, que pertence à OTAN há 65 anos, “é um aliado importante” na organização e uma nação com a qual a Noruega deseja manter “uma boa relação”.
O responsável pela utilização do nome de Erdogan, afastado dos exercícios militares em curso, é um civil empregado pela Noruega e não é trabalhador na OTAN.
“Faremos uma investigação minuciosa deste caso concreto e tomaremos as medidas necessárias baseadas nas conclusões”, disse o ministro.
Após a constatação do uso do nome do Presidente turco, a Turquia ordenou a retirada dos seus militares que participavam no exercício da OTAN na Noruega.
“Ontem (quinta-feira), ocorreu um incidente na Noruega. Delinearam uma espécie de ‘quadro dos inimigos’. Neste quadro, havia uma foto de Atatürk [Mustafa Kemal Atatürk, fundador da República turca em 1923], e também o meu nome. Estes eram os alvos”, declarou Erdogan durante um discurso em Ancara transmitido pela televisão.
“Dei instruções para a retirada imediata dos 40 militares [integrados nesta iniciativa]”, prosseguiu o chefe de Estado turco. “Não é possível ter uma semelhante conceção de uma aliança”, frisou.
O secretário da OTAN, Jens Stoltenberg, apresentou também já hoje as suas desculpas à Turquia na sequência do “incidente” no decurso deste exercício.
“Apresento as minhas desculpas pela ofensa causada. Os incidentes foram resultado das ações de um indivíduo e não refletem as opiniões da OTAN”, explicou Stoltenberg numa declaração por escrito.
“A Turquia é um estimado aliado da OTAN, que fornece importantes contributos para a segurança da Aliança”, prosseguiu Stoltenberg, antigo primeiro-ministro social-democrata norueguês.
A decisão de Erdogan surge num momento de fortes tensões entre Ancara e diversos parceiros de peso na OTAN, em particular Washington e Berlim. Em paralelo, a Turquia aproximou-se da Rússia, com quem coopera na tentativa de resolução do conflito na Síria.
Originalmente publicado em: www.dn.pt