Erdogan admite aprisionar as pessoas do Movimento Gulen
Recep Tayyip Erdogan, o presidente turco, na terça-feira, admitiu que as pessoas simpáticas ao Movimento Gulen foram aprisionadas na Turquia, dizendo que as pessoas inteligentes deixaram o país, informou a BBC.
“Quando dissemos: não mandem seus filhos para as escolas deles [Movimento Gulen], não foi para nada. Quando dissemos: não coloquem o seu dinheiro no banco deles [Banco Asya, que foi confiscado pelo governo em 2015], não foi para nada,” disse Erdogan na reunião do grupo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) no Parlamento.
“Os que não pegaram o seu dinheiro do banco deles agora vêm e dizem que não fizeram isso intencionalmente. Vocês fizeram tudo intencionalmente. Vocês venderam os seus carros, suas casas, e colocaram o dinheiro no banco deles. Agora vocês reclamam que não fizeram nada errado. Desculpa. Os que são inteligentes deixaram a Turquia, os que não são inteligentes foram aprisionados aqui,” acrescentou Erdogan.
Erdogan e seu governo lançaram uma guerra aberta contra o Movimento Gulen logo após as operações de corrupção em dezembro de 2013, em que ministros e o filho do então Primeiro-Ministro Erdogan foram acusados de terem pegado propina de um empresário iraniano para facilitarem transações que beneficiassem o Irã.
Depois que Erdogan colocou o caso como uma tentativa de golpe para derrubar seu governo, orquestrada por seus inimigos políticos, vários promotores foram removidos do caso, policiais foram transferidos e a investigação de corrupção foi retirada.
Erdogan exortou publicamente as pessoas a não mandarem seus filhos a escolas do Movimento Gulen, a não lerem ou assistirem as mídias deles e a não colocarem seu dinheiro no Banco Asya. Todos eram legais, mas estavam ligados ao Movimento Gülen.
Tribunais penais de paz, que foram estabelecidos pelo governo de Erdogan no meio de 2014, começaram a prender pessoas e a confiscar empresas, veículos de mídia e escolas ligados ao Movimento Gülen de junho de 2014 em diante.
Erdogan também acusa o Movimento Gulen de arquitetar uma tentativa fracassada de golpe na Turquia em 15 de julho de 2016.
Fethullah Gulen, que inspirou o Movimento, negou fortemente ter qualquer papel no golpe fracassado e pediu por uma investigação internacional sobre o caso, mas o Presidente Erdogan — chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” — e o governo iniciaram um expurgo generalizado com o objetivo de limpar os simpatizantes do Movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando-as sob custódia.
A Turquia suspendeu os dispensou mais de 150.000 juízes, professores, policiais e servidores públicos desde 15 de julho de 2016. O Ministério da Justiça da Turquia anunciou em 13 de julho deste ano que 50.510 pessoas foram presas e 169,013 estiveram sujeitas a procedimentos legais sob acusações de golpe desde o golpe fracassado.
Ter uma conta bancária no Banco Asya, assinar mídias ligadas ao Movimento e mandar filhos a escolas geridas pelo Movimento foram mencionados como estando entre as principais razões para o expurgo e detenção de milhares de pessoas.
O governo também confiscou pelo menos 1.068 empresas e 4.888 propriedades como parte de uma caça às bruxas voltada ao Movimento Gulen.
Fonte: www.turkishminute.com