Erdogan está intimidando os EUA. Trump deveria fazer alguma coisa.
Governos autoritários em todo o mundo têm cada vez mais abraçado a vergonhosa tática de prender cidadãos americanos e mantê-los como reféns de fato em uma tentativa de ganharem influência sobre Washington. O Irã e a Coreia do Norte foram praticantes pioneiros — e ambos removeram repetidamente concessões americanas. Isso provavelmente encorajou outras nações, incluindo o Egito e a Venezuela. Agora vem a Turquia de Recep Tayyip Erdogan, um membro da OTAN que parece estar já avançado no caminho de se tornar um estado fora-da-lei.
No ano passado, o governo de Erdogan confiscou uma dúzia de americanos e também dois turcos que trabalhavam em consulados americanos. Com um atrevimento que faria a Guarda Revolucionária de Teerã enrubescer, o Sr. Erdogan esclareceu recentemente que os prisioneiros são pouco mais que peões que deseja trocar por turcos nos Estados Unidos — particularmente o clérigo Fethullah Gulen, um rival de Erdogan que vive na Pensilvânia. “Nos deem aquele pastor,” o Sr. Erdogan disse recentemente do Sr. Gulen, “e vamos fazer o que podemos” para soltar Andrew Brunson, um pastor americano.
Logo após a prisão mais recente, de um empregado do Consulado em Istambul, a compreensivelmente exasperada Embaixada americana anunciou no Domingo um congelamento da emissão de vistos para não-imigrantes aos turcos — uma medida drástica que foi rapidamente retribuída pela missão turca em Washington. Uma proibição dessas poderia prejudicar muitas pessoas inocentes, incluindo jornalistas turcos e ativistas da sociedade civil que estão trabalhando para resistirem à repressão do Sr. Erdogan. Se isso perdurar, deverá ser refinado para atingir funcionários do governo, empresários e outros ligados ao regime.
Não há dúvidas, contudo, de que a administração de Trump, que persistiu em descrever o Sr. Erdogan como um aliado próximo, deva agora enfrentar sua intimidação. O regente turco parece acreditar que possa perseguir americanos com impunidade; sua arrogância foi encapsulada quando ele ficou assistindo enquanto sua equipe de segurança atacava manifestantes pacíficos no lado de fora da residência do embaixador turco em Washington em maio. Sua exigências quanto aos turcos nos Estados Unidos são igualmente ilegítimas. Ancara ofereceu evidências escassas de que o Sr. Gulen seja culpado de um crime, o que significa que os tribunais americanos não puderam aprovar a extradição. Dois outros turcos cujo retorno o Sr. Erdogan busca estão sendo processados por ajudarem o Irã a evadir sanções.
Há um pouco mais de 15 anos no poder, o Sr. Erdogan pode ter tirado a conclusão de que Washington vai inevitavelmente tolerar suas transgressões por causa da importância estratégica da Turquia. Infelizmente, a administração Obama forneceu bastante evidências para isso, assim como o Presidente Trump, que depois de se encontrar com o Sr. Erdogan no mês passado declarou inexplicavelmente: “estamos tão próximos como sempre estivemos.” De fato, o valor da Turquia em lutar contra o Estado Islâmico diminuiu pois as forças americanas fizeram parceria com os rivais curdos; e a decisão de Ancara de trabalhar com a Rússia e o Irã na Síria, enquanto compra um avançado sistema de defesa aérea de Moscou, separou ainda mais a Turquia do Ocidente.
A aliança de longa-data dos EUA com a Turquia deve ser preservada, até onde seja possível com o Sr. Erdogan no poder. Mas isso não pode vir às custas da tolerância à tomada de reféns e ataques contra o estado de direito dos EUA. Devem fazer o Sr. Erdogan entender que ele está arriscando uma ruptura de relações que fará muito mais dano ao seu regime do que ao dos Estados Unidos.