Erdogan exorta os EUA a reverem as acusações ‘políticas’ contra ex-ministro turco
O Presidente Tayyip Erdogan exortou os Estados Unidos na sexta-feira a rever as acusações contra um antigo ministro turco por violar sanções americanas sobre o Irã, dizendo que Ancara nunca tinha concordado em cumprir com o embargo e que a perseguição era politicamente motivada.
“Existe muita coisa cheirando mal nessa questão,” disse Erdogan.
O antigo ministro da economia, Zafer Caglayan, e o ex-líder de um banco turco estatal foram acusados de conspirarem para violarem as sanções ao movimentarem ilegalmente centenas de milhões de dólares através do sistema financeiro americano em nome de Teerã.
O indiciamento, anunciado nesta semana, marcou a primeira vez que um ex-membro do governo com laços próximos a Erdogan havia sido acusado em uma investigação que desgastou os laços entre Washington e Ancara.
“No momento, é impossível avaliar isso dentro da lógica legal,” contou Erdogan a repórteres no aeroporto Ataturk de Istambul. “Vejo esse passo contra o nosso antigo ministro da economia como um passo contra República Turca.”
“Nós não decidimos impor sanções sobre o Irã. Temos laços bilaterais com o Irã, relações sensíveis,” disse ele, acrescentado que dissera ao antigo presidente americano Barack Obama isso, quando as sanções estavam em vigor.
“Nós dissemos às pessoas relevantes, dissemos que não participaríamos das sanções… Esses passos são puramente políticos.”
Promotores em Nova Iorque disseram na quarta-feira que haviam acusado Caglayan e o antigo diretor-geral do Halkbank, Suleyman Aslan, e dois outros de “conspirarem para usarem o sistema financeiro americano para conduzirem centenas de milhões de dólares em transações em nome do governo do Irã e outras entidades iranianas, que são barradas pelas sanções dos Estados Unidos.”
As acusações se originam do caso contra Reza Zarrab, um rico comerciante de ouro turco-iraniano que foi preso nos Estados Unidos por evasão de sanções no ano passado. Ele se declarou não culpado.
A Reuters não conseguiu contatar Caglayan ou Aslan para comentários.
As relações entre Washington e a Turquia, aliada da OTAN, uma importante parceira em se lidar com o conflito sírio, ficaram desgastadas depois do golpe fracassado contra Erdogan em julho do ano passado e a subsequente repressão do presidente sobre a oposição.
“Os Estados Unidos precisam revisar essa decisão (de acusar Caglayan),” disse Erdogan.
“Espero que tenhamos a chance de discutirmos essa questão nos Estados Unidos. Vocês podem ser uma grande nação, mas ser uma nação justa é outra coisa. Ser uma nação justa requer que o sistema legal funcione de forma justa.”
Reportagem de Tuvan Gumrukcu; escrito por Dominic Evans; edição de Ralph Boulton
Fonte: www.reuters.com