Anistia: Hora de governos ocidentais dizerem que a Turquia ‘passou dos limites’
John Dalhuisen, diretor da Anistia Internacional (AI) na Europa e Ásia Central, exortou os governos britânico e ocidental e acabarem com seu silêncio quanto à queda da Turquia até um regime autoritário depois que sua diretora local e cinco outros ativistas foram presos sob acusações de filiação a uma organização terrorista.
Discursando durante uma coletiva de imprensa em Londres ontem, Dalhuisen disse: “Governos ocidentais demais tem estado travados em um abraço fatal com o governo turco no momento que eles cai em uma direção autoritária. Todos sabem que isso está acontecendo na Turquia, e é preciso falar disso. Essas prisões representam um limite, e devem ser o momento quando os termos de relação sejam reiniciados”.
Destacando que as acusações contra a diretora e ativistas da Anistia na Turquia são absurdas, Dalhuisen disse que a reunião em que o grupo tinha sido inicialmente detido tinha se preocupado com as questões mais ordinárias de treinamento em segurança digital e de trabalhar em um ambiente hostil.
“Este caso está ocorrendo na frente de uma perseguição pela mídia em um sistema de promotores e judicial inteiramente alinhado. Essas prisões são um ataque contra a sociedade civil turca e isso está óbvio agora para todos os parceiros internacionais da Turquia”, disse Dalhuisen.
Também discursando durante uma coletiva de imprensa em Londres, Kate Allen, a diretora da Anistia no Reino Unido, disse: “Estamos gratos pelo trabalho que o governo britânico fez discretamente. Mas um momento de verdade chegou. O governo britânico deve se manifestar em público para dizer que isso é um abuso que não será tolerado”.
Depois que um tribunal de Istambul decidiu pela prisão de seis ativistas dos direitos humanos, incluindo a diretora da Anistia Internacional (AI) na Turquia, Idil Eser, que estavam sob detenção desde 5 de julho, o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty, disse que a decisão de manter seis dos ativistas em detenção “mostra que a verdade e a justiça se tornaram completas estranhas na Turquia”.
“Essa não é uma investigação legítima. É uma caça às bruxas politicamente motivada que traça um futuro assustador para os direitos na Turquia”, disse ele.
A polícia turca, atuando sob um denúncia anônima, fez uma batida em um hotel em Buyukada, umas das Ilhas dos Príncipes (Adalar) na costa de Istambul, e deteve Idil Eser da Anistia Internacional (AI), Ilknur Ustun da Coalizão das Mulheres, o advogado Gunal Kursun da Associação Agenda dos Direitos Humanos, a advogada Nalan Erkem da Assembleia dos Cidadãos, Nejat Tastan da Associação Vigia dos Direitos Iguais, Ozlem Dalkiran da Assembleia dos Cidadãos, o advogado Seyhmuz Ozbekli e Veli Acu da Associação Agenda dos Direitos Humanos. Dois treinadores estrangeiros – um alemão e um sueco – e também o dono do hotel, que foi solto mais tarde, também foram detidos. O tribunal soltou Erkem, Ozbekli, Tastan e Ustun sob condicional.
Expressando sua preocupação com a atual situação da justiça na Turquia, Shetty disse: “A decisão de proceder mostra que a verdade e a justiça tornaram-se completas estranhas na Turquia”.
“Hoje aprendemos que defender os direitos humanos se tornou em um crime na Turquia. Este é um momento de verdade, para a Turquia e para a comunidade internacional”, acrescentou ele.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou os defensores dos direitos humanos de tramarem uma continuação para a tentativa de golpe de 15 de julho de 2016, durante uma coletiva de imprensa em 8 de julho.
Fonte: www.turkishminute.com