Berlim proíbe comício de Erdogan na Alemanha
Governo alemão alega que evento planejado pelo presidente turco, paralelo à cúpula do G20, “não cabe no cenário político” e “não é apropriado” no momento. Tensões entre ambos os países se acirraram nos últimos meses. A Alemanha recusou o pedido do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para fazer um comício para a comunidade turca durante sua visita ao país por ocasião da cúpula do G20, a ser realizada na semana que vem em Hamburgo.
“Recebemos um pedido oficial da Turquia afirmando que o presidente Erdogan quer falar aos seus compatriotas à margem do G20. Disse já há semanas ao meu colega turco que não consideramos boa ideia”, afirmou o ministro do Exterior da Alemanha, Sigmar Gabriel, em comunicado divulgado nesta quinta-feira (29/06).
O ministro acrescentou que o comício planejado “não cabe no cenário político” e, tendo em vista as tensões entre Berlim e Ancara, “não é apropriado”. Essa postura foi acordada com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, confirmou um porta-voz do governo em Berlim.
Gabriel, cujo partido social-democrata integra a coalizão de governo com os conservadores de Merkel, também apontou para problemas de segurança. Não há forças policiais suficientes para garantir a segurança necessária num evento paralelo à cúpula do G20. Mais de 100 mil manifestantes são aguardados em Hamburgo durante o encontro dos líderes das 20 principais economias do mundo, agendado para 7 e 8 de julho.
A oposição apoiou a decisão do governo. A líder parlamentar do partido A Esquerda, Sarah Wagenknecht, exigiu que Berlim impedisse o comício de Erdogan.
“Não é possível que disponibilizemos praças ou pavilhões para ele na Alemanha e que alguém promova um regime que não respeita os direitos humanos, que despreza todos os valores”, afirmou Wagenknecht.
Meses de tensões
O último comício de Erdogan perante simpatizantes na Alemanha ocorreu em maio de 2015, em Karlsruhe. Essa foi também a primeira aparição pública de Erdogan no país europeu como presidente da Turquia.
Os últimos comícios de políticos turcos planejados na Alemanha, como parte da campanha pré-referendo sobre a reforma constitucional na Turquia, abalaram a relação entre Berlim e Ancara. Embora o governo federal não tenha se manifestado, autoridades locais proibiram os comícios alegando motivos de segurança.
Em meio às tensões dos últimos meses, Erdogan chegou a acusar Merkel de usar “medidas nazistas” contra cidadãos turcos, em março deste ano.
PV/dpa/rtr/lusa