Presidente do Chipre denuncia Turquia com carta a ONU
Nicósia, 10 mai (EFE). – O presidente de Chipre, Nikos Anastasiadis, denunciou em uma carta dirigida ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, os obstáculos que, a seu ver, a Turquia está colocando ao processo de paz de Chipre.
Segundo apontaram nesta quarta-feira à Agência Efe fontes diplomáticas, na carta de três páginas e enviada ontem, Anastasiadis faz referência às últimas provocações da Turquia, que, entre outras ações, enviou um barco para fazer explorações sísmicas na Zona Econômica Exclusiva de Chipre (ZEE). Este barco entrou há alguns dias nas águas da ZEE, um movimento que as autoridades do Chipre responderam com alertas a partir do litoral pedindo que se afastasse.
Em sua carta, Anastasiadis se queixa de que com este tipo de atitude, a Turquia está impedindo que haja progresso nas negociações entre as comunidades gregas e turco-cipriotas, esta última que depende política, militar e economicamente do Executivo em Ancara.
Anastasiadis também expõe no texto o estado das negociações e a evolução a partir da fracassada conferência de Genebra, no começo do ano, e em particular faz referência às convergências conseguidas no passado e reformuladas agora pela parte turco-cipriota.
Após meses de avanços, as conversas entre Anastasiadis e o líder turco-cipriota, Mustafa Akinci, sofreram uma interrupção brusca em fevereiro e desde então evolucionaram pouco. As duas próximas reuniões, previstas para amanhã e o próximo dia 17, são consideradas muito críticas para o futuro deste país. Anastasiadis e Akinci tentam alcançar a reunificação do Chipre através de uma solução federal.
O Chipre foi invadido em 1974 pela Turquia. Em 1983, a metade de cima da ilha foi proclamada República Turca do Chipre do Norte (RTCN), só reconhecida pelo Executivo em Ancara. Desde então, as comunidades greco-cipriota e turco-cipriota vivem separadas.