Flynn e ministros turcos discutiram o retorno ilegal de Gulen para a Turquia
Enquanto servia como um assessor na campanha presidencial de Trump, o tenente general aposentado Mike Flynn, também já foi o Assessor da Segurança Nacional da nova administração, em uma reunião com autoridades supremas do governo turco em setembro passado discutiram a remoção ilegal dos Estados Unidos do clérigo islâmico turco Fethullah Gulen e seu retorno extrajudicial para a Turquia, de acordo com uma reportagem publicada ontem no The Wall Street Journal.
Escrita por James V. Grimaldi, Dion Nissenbaum e Margaret Coker, a reportagem indica que detalhes da discussão em Nova Iorque vieram através de James Woolsey, ex diretor da CIA, que estava participando, e de outros que foram informados sobre o conteúdo da reunião.
Também participaram da reunião Berat Albayrak, ministros das energias da Turquia e genro do Presidente Recep Tayyip Erdogan, e o Ministros das Relações Exteriores Mevlut Cavusoglu, de acordo com os documentos revelados de lobby estrangeiro arquivados por Flynn junto ao Departamento de Justiça no começo deste mês.
De acordo com Woolsey e os que foram informados sobre a reunião, a discussão envolvia ideias sobre como tirar Gulen (a inspiração do Hizmet, movimento baseado na fé, e que foi acusado pelo Presidente Erdogan e pelo governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento [AKP] de arquitetar o golpe na Turquia em julho passado) dos Estados Unidos e enviá-lo de volta para a Turquia através de uma evasão do processo legal de extradição.
A Turquia sobreviveu a uma tentativa de golpe militar em 15 de julho de 2016 que matou mais de 240 pessoas e feriu mais de mil outras. Imediatamente após a tentativa de golpe, o governo juntamente a Erdogan colocaram a culpa sobre o Hizmet sem qualquer evidência plausível. Gulen e o movimento negam fortemente as acusações e clamaram por uma investigação internacional sobre o incidente.
O governo, contudo, aumentou sem sucesso seus esforços para assegurar a extradição do clérigo dos Estados Unidos devido a tanto o golpe quanto uma investigação sobre corrupção em 2013 que envolveu Erdogan, alguns de seus ministros e membros de sua família, e o presidente acusa o movimento de ter orquestrado essa investigação
Woolsey chegou na reunião em 19 de setembro no meio das discussões sobre o clérigo e achou o tópico “alarmante e as ações sendo discutidas possivelmente ilegais”, contou ele ao WSJ, acrescentando que a ideia foi “um passo velado na calada da noite para levarem embora esse sujeito”. Woolsey disse que táticas específicas para removerem Gulen não foram discutidas, mas se elas tivessem sido, ele “teriam se pronunciado e questionado a legitimidade delas”.
Um porta-voz de Flynn, Price Floyd, que estava anunciando a campanha de Trump sobre segurança nacional na época da reunião, contestou o relato, dizendo: “em nenhum momento o General Flynn discutiu quaisquer ações ilegais, remoção física não-judicial ou quaisquer outras atividades com essas” mas acrescentou que “o General Flynn de fato discutiu o trabalho do Flynn Intel Group (Grupo de Inteligência Flynn) para a Inovo que incluía coletar e reunir informações que poderiam levar a um caso legal contra o Sr. Gulen”.
O Flynn Intel Group foi retido pela empresa privada Inovo BV pelo que ela entendeu que fosse ser trabalho “focado em melhorar a confiança das organizações comerciais americanas quanto a fazer negócios na Turquia, particularmente a respeito da estabilidade da Turquia e sua adequação como um local para investimento e atividade comercial”.
A arquivamento na FARA com o Departamento de Justiça foi feito retroativamente quando o Flynn Intel Group percebeu que apesar de ele “ter sido contatado por uma empresa privada, a Inovo BV, e não por uma governo estrangeiro, devido ao assunto do contato, o trabalho da Flynn Intel Group para a Inovo poderia ser entendido como tendo beneficiado principalmente a República da Turquia”.
A Inovo BV, registrada na Holanda, pertence ao turco Ekim Alptekin, um aliado do Presidente da Turquia, Erdogan, e também presidente do Conselho Turco-Americano de Negócios (DEIK/TAIK), um ramo sem fins lucrativos do Conselho de Relações de Economia Estrangeira da Turquia. Alptekin ajudou a coordenar uma visita de Erdogan aos Estados Unidos na ano passado.
Fonte: www.turkishminute.com