Equipe do irmão do vice-presidente do AKP bombardeou o Parlamento em 15 de julho
Uma acusação redigida no caso da tentativa fracassada de golpe em 15 de julho de 2016 alega que uma equipe do Major General Mehmet Disli, um dos supostos líderes da tentativa de golpe e o irmão do vice-presidente do governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), Saban Disli, usou caças para bombardear o prédio do Parlamento em Ancara, segundo uma reportagem do jornal Hurriyet na segunda-feira.
De acordo com a reportagem, 18 de 20 oficiais, incluindo Mustafa Azimetli, que bombardeou o Parlamento, e Ahmet Ozcetin, que deu a ordem, sob o comando do Major General Disli, fizeram parte da tentativa de golpe. Disli e Orhan Yikilkan, um conselheiro do Chefe de Estado-Maior, o General Hulusi Akar, foram até o escritório do General Akar às 20:51 em 15 de julho. Duas horas e 12 minutos mais tarde, Disli e os golpistas levaram o General Akar para a Base Akincilar. O Major General Disli tem sido o centro do debate devido à sua nomeação a postos mais altos e seu papel na tentativa de golpe.
Em uma conversa com o canal de televisão Haberturk em outubro, o líder do Partido Popular Republicano (CHP), Kemal Kilicdaroglu disse: “A base para um golpe na Turquia foi posta deliberadamente. Mehmet Disli, a pessoa que liderou o incidente [a tentativa de golpe], foi trazido para o quartel-general do Estado-Maior antes de completar seu serviço nas TSK [Forças Armadas Turcas] pela vontade política. … A vontade que manteve Mehmet Disli no quartel-general do Estado-Maior é a mesma vontade política que preparou a base para o golpe”.
Em dezembro passado, o jornal pró-Erdogan Yeni Safak, publicou uma fotografia do Major General Disli, que apareceu em um tribunal de Ancara para um depoimento adicional. Na foto, Disli foi visto sem algemas e parecia calmo com as outras pessoas ao seu redor. O site de notícias Gazetesport compartilhou a foto como evidência de dois pesos e duas medidas no tratamento aos generais golpistas.
Em fevereiro, o deputado do CHP Mahmut Tanal disse que o General Akar e o Major General Disli compraram um pedaço de terra juntos na província de Sakarya.
“Possuo essa informação. Perguntei mas não recebi uma resposta. Vou continuar a perguntar até que consiga uma resposta. Quem compra terra junto? Dizem que eles compraram a terra para serem vizinhos quando aposentarem. As pessoas preferem ser vizinhos com quem compartilham das mesmas ideias. Se isso for verdade, então um outro tipo de relacionamento poderia ser trazido em questão”, disse Tanal.
Logo após a tentativa fracassada de golpe em 15 de julho do ano passado, a mídia turca relatou que o Chefe de Estado-Maior Akar estava no mesmo helicóptero com Disli depois que foi salvo do golpe. A mídia turca ainda disse que outro militar contou a Akar no helicóptero que viu Disli dando ordens aos golpistas fora da sala de Akar.
De acordo com o indiciamento, Disli disse em seu depoimento que o General Akar expressou sua gratidão a ele quando estavam no helicóptero depois que o chefe do exército foi resgatado dos golpistas.
A comissão parlamentar que foi montada para investigar a tentativa fracassada de golpe em 15 de julho se recusou a convidar Akar a depor. Deputados do governante AKP e o presidente da comissão do AKP impediram o depoimento do Subsecretário da Organização de Inteligência Nacional (MIT), Hakan Fidan, e o General Akar antes da comissão.
O Presidente Recep Tayyip Erdogan e o Primeiro-Ministro Binali Yildirim acusaram Fidan e Akar de não conseguirem informá-los sobre a tentativa de golpe em 15 de julho apesar do fato que eles tinham ficado sabendo do plano de golpe seis horas antes, mas ambos retiveram suas posições apesar de um expurgo enorme depois do golpe.
Apesar de os militares turcos terem declarado em 27 de julho passado que 8.651 militares, incluindo cadetes e recrutas, fizeram parte da tentativa de golpe de 15 de julho, o governo dispensou mais de 22.000 militares, incluindo generais de alta patente.
Um relatório preparado pelo Centro de Análise de Inteligência (IntCen) da União Europeia revelou que apesar de o Presidente Erdogan e o governo turco terem imediatamente posto, sem provas nem sequer evidências, a culpa pelo golpe fracassado de 15 de julho no Hizmet (movimento baseado na fé e inspirado nas ideias de Fethullah Gulen), a tentativa de golpe foi montada por uma gama de oponentes de Erdogan devido aos temores de um expurgo iminente, de acordo com uma reportagem do jornal The Times em 17 de janeiro deste ano.
O site Aldrimer.no relatou em 25 de janeiro deste ao que fonte da OTAN acreditam que o golpe foi montado pelo próprio presidente da Turquia, Erdogan.
Em uma entrevista ao site vocaleurope.com, um ex oficial turco que serviu na sede da OTAN em Bruxelas mas que foi dispensado e reconvocado para a Turquia como parte de uma investigação sobre o golpe fracassado em 15 de julho alega que o golpe foi executado de forma desajeitada e que nunca teve a intenção de derrubar o governo, mas em vez disso serviu como um veículo para o Presidente Erdogan eliminar oponentes e ultranacionalistas para tomar um papel proeminente entre os militares e impor seus planos “eurasianos” no país.
Fonte: www.turkishminute.com