Gulen: Assassinato do embaixador russo foi um ‘ato hediondo’
Fethullah Gulen, erudito islâmico turco radicado dos Estados Unidos, na segunda-feira, condenou o assassinato do embaixador da Rússia na Turquia como um “ato hediondo de terror” e exortou o governo turco a identificar qualquer um que tenha ajudado o atirador, relatou a Reuters.
“Eu condeno veementemente este ato hediondo de terrorismo”, disse Gulen em uma declaração por escrito. “Peritos turcos e internacionais tem apontado repetidamente a deterioração dos esforços de segurança e contra-terrorismo devido o governo turco ter designado centenas de policiais contra-terrorismo a postos não-relacionados, e igualmente devido o governo ter demitido e prendido muitos outros desde 2014”, disse Gulen.
A declaração de Gulen foi publicada depois que um de seus conselheiros negou veementemente alegações feitas por um oficial de segurança turco superior anônimo que disse que existem “sinais muito fortes” de que o atirador que matou o embaixador pertencia ao movimento de Gulen (Hizmet).
As alegações feitas por um oficial de segurança turco superior anônimo são “ridículas” e têm a intenção de acobertar uma segurança relaxada, o conselheiro, Alp Aslandogan, contou à Reuters.
A Turquia sobreviveu a uma tentativa de golpe militar em 15 de julho que matou mais de 240 pessoas e que feriu mais de mil outras. Imediatamente após a tentativa de golpe de estado, o governo juntamente ao Presidente Recep Tayyip Erdogan colocaram a culpa no movimento Gulen.
Apesar do fato de que Gulen, cujas ideias e opiniões inspiraram o movimento, negou a acusação e clamou por uma investigação internacional sobre o golpe fracassado, e o Presidente Erdogan – chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” – juntamente ao governo turco lançaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e as colocando sob custódia.
Mais de 120.000 pessoas foram expurgadas dos órgãos estatais, mais de 80.000 foram detidos e cerca de 40.000 foram presos desde a tentativa de golpe. Entre os presos estão jornalistas, juízes, promotores, policiais, militares, acadêmicos, governadores e até um comediante. Os críticos argumentam que as listas de simpatizantes de Gulen foram montadas antes da tentativa de golpe.
“19 de dezembro de 2016
Fethullah Gulen Condena o Assassinato do Embaixador Russo na Turquia, Andrey Karlov
Estou chocado e profundamente entristecido de saber do trágico assassinato do embaixador da Rússia na Turquia, Andrey Karlov, que estava discursando em uma galeria de arte em Ancara. Eu condeno veementemente este ato hediondo de terror.
Nenhum ato terrorista pode ser justificado, indiferentemente de seus perpetradores e seus propósitos declarados. É a expectativa do povo turco e do mundo que o governo investigue as circunstâncias deste incidente, identifique os que ajudaram o perpetrador e tome as precauções necessárias para que assim um ataque não possa ser montado no futuro.
Eu mando minhas mais profundas condolências à família do embaixador Karlov e ao povo russo por essa trágica perda. Peço a Deus o Mais Compassivo que seque as raízes do terrorismo e conduza o mundo a dias de paz e tranquilidade.
Peritos turcos e internacionais tem apontado repetidamente a deterioração dos esforços de segurança e contra-terrorismo devido o governo turco designar centenas de policias contra-terrorismo para postos não-relacionados, e igualmente despedir e prender muitos outros desde 2014.
Este ato desprezível de atirar em um embaixador, que representa uma nação inteira, apenas agrava o conflito sírio que já levou muitas vidas e expulsou pessoas demais de suas terras natais, é como adicionar combustível ao fogo.
Eu exorto os governos turco e russo, e igualmente o resto da comunidade internacional, a continuar a trabalhar em prol de uma solução pacífica para o continuado conflito na Síria. O nosso trabalho para fazer o mundo um lugar mais pacífico deve continuar inalterado”.
Fonte: www.turkishminute.com