Presidente Erdogan: UE não é tudo, Turquia pode se juntar aos Cinco de Xangai
A Turquia não deve ficar “fixa” na ideia de se juntar à União Europeia e deve olhar outras oportunidades, como o Pacto de Xangai, que é liderado pela Rússia, disse o Presidente Recep Tayyip Erdogan.
“A Turquia deve antes de tudo se sentir relaxada quanto à UE e não fixada” quando a se juntar a ela, contou Erdogan aos repórteres no avião presidencial voltando do Uzbequistão, relatou o jornal Hurriyet.
“Alguns podem me criticar mas expresso minha opinião. Por exemplo, eu disse ‘por que a Turquia não deveria estar nos Cinco de Xangai’” disse ele.
A Organização para Cooperação de Xangai (OCX), também conhecida coma os “Cinco de Xangai”, é um bloco informal de segurança e econômico liderado pela Rússia e a China. Os outros membros formais são o Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.
Erdogan disse que já tinha discutido a ideia com o presidente russo Vladimir Putin e com o presidente cazaque Nursultan Nazarbayev.
“[A OCX] foi estabelecida por cinco membros, mas então países como o Uzbequistão, Paquistão e Índia também se envolveram”, disse ele.
“O Irã quer estar envolvido e o Sr. Putin disse ‘estamos avaliando a situação’. A Turquia fazer parte dos Cinco de Xangai permitirá a ela atuar mais livremente [em sua candidatura à UE]”, acrescentou Erdogan.
Erdogan por várias vezes lançou planos para que a Turquia se juntasse à OCX, uma jogada que poderia afundar sua candidatura de longa data a membro da UE.
A Turquia solicitou formalmente para se tornar um membro da UE em 1987 e as conversas de adesão começaram apenas em 2005, apesar de que as aspirações de Ancara de se tornar parte do bloco datam lá dos anos 60.
“A UE tem nos atrasado por 53 anos. Como pode uma coisa assim acontecer?” disse Erdogan.
“Eu fui convidado às cúpulas dos líderes nos meus primeiros anos como primeiro-ministro. Então eles pararam de nos convidar. Por que? Porque falamos tudo do jeito que era. Por exemplo, eles abrem capítulos [de adesão], mas não os fecham. Por que abrir os capítulos se não serão fechados?”
As relações entre a Turquia e a UE têm sido especialmente tensas desde a tentativa de golpe fracassada de 15 de julho. Ancara diz que não recebeu apoio o suficiente de seus aliados na UE contra os seguidores de Fethullah Gulen, o pregador islâmico radicado nos EUA que alguns acreditam sem provas nem sequer evidências ter arquitetado a tentativa de golpe, ou outros grupos que ele considera como terroristas.
Bruxelas, enquanto isso, criticou duramente a repressão do governo turco contra supostos golpistas, exortando Ancara a cumprir com os critérios de direitos e liberdades da UE.
Em uma conversa em sua volta do Uzbequistão, Erdogan mais uma vez avisou a UE a “decidir até o final do ano” quanto ao pedido de adesão e seu compromisso de conceder viagens sem visto a cidadãos turcos como parte do acordo dos refugiados. Ele também novamente lançou a ideia de fazer um referendo quanto à questão do pedido de adesão da Turquia à UE.
“Os países da América Latina usufruem de viagens sem visto [no espaço Schengen], mas eles protelam a Turquia. Nós discutimos a questão um outro dia e dissemos: ‘Vamos ser pacientes até o fim do ano. Algumas coisas tem que acontecer, ou vamos fechar aquele arquivo sobre a readmissão [de migrantes como parte do acordo dos refugiados]’”, adicionou Erdogan.
A Turquia e a UE concordaram em acelerar as conversas de filiação em março como parte de um acordo para refrear o fluxo de migrantes para a Grécia.
O acordo foi fechado em troca de vários incentivos para Ancara, incluindo assistência financeira da UE para refugiados sírios na Turquia e viagem sem visto ao espaço Schengen para os turcos.
Mas o processo, que já era difícil, está em uma acentuada espiral descendente logo em seguida da repressão de Ancara após a tentativa de golpe. Alguns parlamentares europeus até apoiaram pedidos para que as conversas de adesão com Ancara fossem suspensas.
Fonte: www.hurriyetdailynews.com