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Esse é o momento ” Revolução Islamista ” da Turquia

Esse é o momento ” Revolução Islamista ” da Turquia
julho 26
14:21 2016

A Turquia está em um estágio crucial de sua história devido à tentativa de golpe fracassada de 15 de julho. O Presidente Recep Tayyip Erdogan, ao sobreviver ao golpe, ganhou uma nova legitimidade e novos aliados: fervor religioso nas ruas. O Sr. Erdogan pode usar esse ímpeto ou para se tornar um presidente ao estilo executivo, ou ele pode encorajar as forças da religião a tomarem conta do país, coroando-se como um líder islâmico, em uma Revolução Islamista

Apesar de que a aquisição gradativa de poder foi mais seu estilo no passado, a poderosa explosão de apoio islâmico a ele demonstrado no fim de semana pode se mostrar tentadora demais. Esse é o momento “Irã 1979” da Turquia – será que uma revolução islâmica sendo tramada no momento sobrepujará as forças do secularismo?

Conforme a tentativa de golpe se desenvolvia na noite da sexta-feira do dia 15 de julho, o Sr. Erdogan apelou aos sentimentos religiosos no país, convocando seus apoiadores para lançar um contragolpe. Sob suas ordens, chamadas à oração foram feitas pelas mais de 80.000 mesquitas da Turquia à 1:15 da madrugada – que não é uma hora em que as pessoas deveriam orar. A estratégia funcionou, a chamada à oração funcionou como uma chamada à ação política, e os turcos religiosos saíram às ruas em desafio aos militares secularistas. Juntamente às forças policiais pró-governo, eles sobrepujaram o esforço mal executado dos militares.

Desde 15 de julho, sentimentos pró-Erdogan na Turquia têm estado nas alturas. Chamadas à oração continuam por todo o dia (o Islã requer diariamente apenas cinco chamadas à oração em horários definidos), lembrando aos turcos religiosos de seu dever político de ficarem ao lado de seu presidente.

O Sr. Erdogan, um político com um pedigree islamista, chegou ao poder em 2003 como primeiro-ministro e líder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Na época, ele seguia uma política de crescimento econômico para construir uma base de apoio. Ele também se afastou da política islamista, no lugar disso abraçou a reforma e buscou uma filiação à União Europeia.

Após vencer as eleições em 2007 e 2011 em uma plataforma de boa governança econômica, no entanto, o Sr. Erdogan tornou-se convictamente conservador e autoritário.

Ele agora regularmente reprime as liberdades de expressão, de reunião e associação. Ele fechou ou assumiu órgãos de mídia. Ele proíbe acesso às mídias sociais, encarcera jornalistas e manda a polícia atrapalhar manifestações da oposição.

O Sr. Erdogan também promove esforços para impôr a religião: em dezembro de 2014, o Conselho de Ensino Superior da Turquia, um órgão regulado pelo governo, emitiu uma recomendação de política de que cursos mandatórios de Islã Sunita sejam lecionados em escolas públicas a todos os alunos, até as crianças de 6 anos.

Em 2014, o Sr. Erdogan, chegando ao fim do mandato, deixou o cargo de primeiro-ministro e de líder do AKP. Ele ao invés disso assumiu a presidência – um cargo que antigamente era fraco que ele tem constantemente transformado. O golpe dá ao Sr. Erdogan uma desculpa para avançar seus planos para compôr uma maioria parlamentar; ele tem a intenção de emendar a Constituição da Turquia e assumir os cargos de primeiro-ministro e de líder do AKP, juntamente à presidência.

Esse processo, que faria do Sr. Erdogan o homem mais poderoso na Turquia desde que o país de tornou uma democracia multipartidária em 1950, combina com sua aproximação gradual à consolidação do poder. Ao mesmo tempo, isso apresenta um risco: nas duas eleições mais recentes, o AKP do Sr. Erdogan atingiu o máximo de 49,5% de apoio, e apesar de que a popularidade do presidente aumentou desde o golpe, não há garantias de que esse pico durará até as próximas eleições, que, dependendo de quando o Sr. Erdogan as convocar, poderiam ocorrer até o ano que vem.

Que entre um segundo e mais rápido caminho para o poder: revolução islâmica. Os apoiadores de Erdogan – que foram às ruas para desafiarem o golpe, e que continuaram a se reunirem para fazerem manifestações por todo o país desde então – não são os apoiadores do AKP conservadores comuns, mas sim islamistas, e até jihadistas. Durante o fim de semana, multidões pró-Erdogan capturaram e espancaram soldados que apoiaram o golpe. Relata-se que imagens foram postadas online, a estilo Estado Islâmico, de um soldado que tinha sido decapitado.

Infelizmente, sentimentos jihadistas na Turquia têm aparecido cada vez mais ultimamente, sem tirar nenhuma responsabilidade da política de educação do Sr. Erdogan, e também de sua política quanto a Síria, que permitiram a radicais islamistas usarem a Turquia como uma área de atuação. De acordo com uma pesquisa recente feita pelo Centro de Pesquisas Pew, 27% dos turcos não veem o Estado Islâmico desfavoravelmente. O Sr. Erdogan pode agora explorar essas forças para introduzir uma revolução islamista.

Revoluções não precisam de maiorias, em vez disso precisa de minorias cheias de raiva e agitação que estejam dispostas a agirem violentamente para tomarem o poder. Logo após a tentativa de golpe fracassada, a política turca não se assentou. O Sr. Erdogan ainda não está no comando de todo o país, o que é a razão de até domingo à tarde ele não ter retornado à capital. Ainda não é seguro para ele. O fervor religioso está nas alturas; mesquitas continuam a chamar às orações durante todo o dia. Islamistas e jihadistas que estão com raiva dos militares vagam pelas ruas, enquanto que a maioria dos turcos de outras visões políticas estão com medo de deixarem suas casas.

Se acontecer do Sr. Erdogan incentivar o fervor religioso ainda mais, ele poderia converter o contragolpe religioso em uma contrarrevolução islamista, encerrando o status da Turquia de democracia secular. O que acrescenta à tentação é o fato que os militares, divididos e desacreditados nos olhos do público após a tentativa de golpe fracassada, não tem condição de prevenir uma contrarrevolução.

Mas uma revolução islamista traria riscos. A Turquia seria despojada de sua filiação à OTAN, expondo assim o país a inimigos próximos, incluindo a Rússia. Isso também quase certamente levaria a um derretimento econômico, ferindo a base de poder do Sr. Erdogan.

O primeiro cenário, no qual o Sr. Erdogan usa o golpe para consolidar o poder, é mais provável que o segundo, mas a probabilidade de uma revolução islamista nunca estiveram tão altas na Turquia.

Soner Cagaptay

Fonte: www.wsj.com

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