Protesto no Brasil, silêncio e ditadura na Turquia
Neste domingo (13), milhares de brasileiros estão nas ruas em protesto contra o governo Dilma Rousseff e os escândalos de corrupção que assolam o país. Enquanto no Brasil o livre exercício da democracia tem sido feito à enésima potência – até com certos exageros em alguns casos – há, fora de nossas fronteiras, exemplos preocupantes de países que rumam para a ditadura, muito bem disfarçada de democracia. Um deles é a Turquia.
IMPRENSA está no país para observar de perto os efeitos de um cerceamento das liberdades de imprensa e pensamento, que começa a chamar a atenção do mundo, mas que parece passar ao largo de grande parte da população local, alienada por uma mídia quase toda favorável – não por vontade própria- ao governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
CORRUPÇÃO E ENDURECIMENTO
Desde 2013, quando passou a ser investigado por casos de corrupção, o presidente Erdogan passou a tratar com mão de ferro seus opositores. Por meio de manobras políticas, o governante tem a seu favor a maior parte do judiciário e usa a força, mascarada por Leis, para intervir em veículos de comunicação e fechar aqueles que não estão alinhados ao seu governo.
No final de outubro do ano passado, a Bugün TV e o jornal Bugün foram invadidos e tomados pelo estado à força, sob alegação de que havia suspeitas de irregularidades em seus balanços e documentos. Três meses depois, o canal, que era jornalístico e se mantinha em terceiro lugar em audiência no país, saiu do ar em definitivo.
Recentemente, em 04/03, o grupo Zaman recebeu intervenção, sob acusação de terrorismo e associação ao terrorismo, por ser fortemente ligado ao imã Fethullah Gülen, fundador do movimento social-religioso Hizmet. Gülen é um dos principais opositores de Erdogan e o Hizmet, que tem milhares de seguidores mundo afora, foi classificado como um grupo terrorista pelo governo turco.
Atualmente, cerca de trinta veículos de comunicação, entre emissoras de rádio e TV, jornais e revistas já receberam intervenção, sendo que maior parte deles foi fechado definitivamente em até três meses após a tomada. Há, ainda, 32 jornalistas presos e diversos sendo processados em liberdade.
Em tempo: A Turquia ocupa a posição 149 entre os 180 países citados na classificação mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, atrás de Mianmar, que está na 144, e um pouco à frente da Rússia, na 152.
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