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Tentativa de golpe é uma oportunidade para conhecer o Hizmet

Tentativa de golpe é uma oportunidade para conhecer o Hizmet
agosto 12
16:37 2016

Liza Dumovich é brasileira, antropóloga, coordenadora dos Centro de Estudos e Pesquisas do Oriente-Médio da Universidade Candido Mendes (CEPOM) e doutoranda da Universidade Federal Fluminense. Há dois anos ela está pesquisando o Hizmet, um movimento civil transnacional que tem atuação em mais de 170 países, inclusivo no Brasil. Apesar de negar qualquer envolvimento, o Hizmet está sendo acusado pelo governo de orquestrar a tentativa de golpe na Turquia. O Hizmet e o clérigo Fethullah Gulen, inspirador do movimento, são pouco conhecidos no Brasil. Liza respondeu às perguntas sobre últimos acontecimentos na Turquia e sua percepção do Hizmet.

Qual foi seu interesse para começar uma pesquisa sobre o Hizmet?

Eu conheci um membro do Hizmet pela primeira vez em 2012, quando iniciei um curso de língua turca la na Universidade Federal Fluminense. Eu já tinha terminado o meu mestrado. E ainda não sabia o que faria de pesquisa pro meu doutorado. Comecei essa aula de turco com um dos membros do Hizmet e alguns meses depois no início de 2013 nós fizemos uma viagem a Turquia de cerca de 10-12 dias. Visitamos diversas associações ligadas ao Hizmet: escolas, dormitórios, universidades etc. E lá que eu tive um primeiro contato, digamos assim, com o Hizmet, realmente. E a partir de então eu resolvi fazer o meu doutorado, uma pesquisa etnográfica sobre o Hizmet no Brasil. Então, eu vi que seria muito interessante porque seria a primeira pesquisa sobre o Hizmet no Brasil, e faria uma pesquisa etnográfica, pelo menos sobre o movimento.

Qual seria a descrição do Hizmet para você? O que ele vem fazendo no Brasil?

O Hizmet significa “serviço” na língua turca. Ele se baseia realmente na ação. É uma junção entre a religião e conhecimento cientifico. Quer dizer a base toda é o Islã, é base das ideias, dos preceitos, dos valores, que é o que impulsiona essas práticas. São práticas voltadas pra, basicamente, a educação e cultura. Mas também há preocupações de outras naturezas. Como por exemplo o Kimse Yok Mu, que cuida de pessoas que estão em situações de calamidade, levando água, remédio, comida, resgatando pessoas de situações de risco. Tem hospitais no mundo ligados ao Hizmet. Também tem o lado financeiro que serve como uma ponte pros empresários.

A comunidade no Brasil, embora pequena, é muito ativa. O Hizmet no Brasil é basicamente mais relacionado à cultura e educação. Além de uma câmara de comércio fundada pelos empresários ligados ao Hizmet, existe um colégio em SP e um centro cultural, que oferece tanto cursos de língua, história e cultura turca quanto cursos de música, arte e até culinária. Eles tem a preocupação de difundir a cultura turca em torno dos valores ligados ao próprio Hizmet.

Quais são esses valores?

Os valores do Hizmet que definem como a comunidade divulga a cultura turca estão ligados à ideia que ela tem também do Império Otomano: diálogo interreligioso, convivência entre diferentes povos e culturas, prática correta do islã sunita etc.

Recentemente você viajou para a Turquia. Como está a situação lá?

Eu cheguei à Turquia junto com os homens-bomba e fiquei presa no aeroporto por algumas horas. Aí começou aquele clima: o que está acontecendo aqui? Mas até então era apenas um atentado e depois ficaria tudo bem. Passei duas semanas na Turquia, e quando eu retornei no dia seguinte houve a tentativa de golpe. Durante o tempo que eu fiquei lá, estava fazendo trabalho de campo com membros do Hizmet, com pessoas ligadas ao Hizmet de alguma forma. Ou eram professores das escolas ou faziam algumas atividades voluntárias. Eu convivi muito com essas pessoas e já havia perseguições do governo em relação a elas. Por exemplo, algumas associações tinham que fazer uma lista para o governo de seus frequentadores, mas estavam relutantes. Também fui ao escritório do Kimse Yok Mu, que sofria perseguição. No dia seguinte ao golpe, esse escritório foi metralhado. Várias escolas estavam fechando e alguns professores já estavam sem emprego. Desde o final de 2013 já tem alguma coisa acontecendo.

Qual é o papel do Hizmet na Turquia? Por que é importante?

Hizmet não tem um posicionamento político partidário mas ele reúne muitos membros com perfis diferentes. O governo e o Hizmet eram próximos e de certa forma aliados em uma época. Depois o programa político de governo de Erdogan foi mudando e eles começaram a se desentender, houve um conflito. Hoje, o Hizmet simboliza uma oposição ao governo, embora ele não seja o único grupo que está sendo perseguido nesse momento. Erdogan está em um processo de demonização do Hizmet e do Fethullah Gulen. Isso é uma forma de bode expiatório.

Porque o Erdogan considera o Hizmet como o maior inimigo?

Além dele representar essa grande oposição ao governo, também é tido como uma ameaça, obviamente, por ter muitos seguidores economicamente poderosos. Outros são jornalistas que têm esse poder nas mãos de falar coisas, dar certas informações que talvez o governo não queira. E os professores do Hizmet são formadores de opinião e trabalham para criação da nação, da juventude, que é o futuro do país. Erdogan ficou com medo, porque o Hizmet está formando jovens e está criando próximos cidadãos turcos. Então isso seria uma ameaça pra quem quer controlar o poder, obviamente.

O que aconteceria se Gulen saísse dos EUA e viesse para o Brasil?

Erdogan quer que Gulen seja extraditado. Gulen nega envolvimento e se propôs a aceitar qualquer decisão que fosse feita por uma comissão internacional, que seria imparcial. Se houvesse essa possibilidade de ele pedir asilo pro Brasil seria muito interessante. Qual seria a reação do Erdogan e o que o presidente do Brasil hoje faria? Deixando as questões politicas por um lado, isto seria uma forma dos brasileiros conhecerem o Hizmet, conhecer as ideias do Fethullah Gulen, o que ele propõe para a humanidade.

O que Gulen propõe para a humanidade?

Nas obras dele e nos sermões que eu tive a oportunidade de assistir, ele propõe que se invista na educação dos jovens e que façam um casamento entre religião e a ciência. Você tem que cultivar a sua alma, mas também a sua cabeça. E nesse casamento você teria o futuro da humanidade, um bom futuro da humanidade. Isso é o que a comunidade aqui do Brasil vem procurando fazer, que é um investimento na educação, e fazer com que as pessoas conheçam esse lado humanista do Hizmet.

                                               

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