Jornalista investigativo turco condenado a 19 anos e 6 meses de prisão
Um tribunal turco condenou no domingo o jornalista investigativo Mehmet Baransu, ex-correspondente do agora extinto jornal Taraf, a 19 anos e seis meses de prisão, informou a mídia turca.
O Segundo Tribunal Penal de Mersin condenou Baransu a dois anos de prisão por “violação de privacidade”, a quatro anos por “divulgação de informações classificadas” e a 13 anos e seis meses por “associação a uma organização terrorista armada” por causa de seus relatórios de 2013 para o Taraf de uma suposta fraude alfandegária envolvendo a importação de arroz geneticamente modificado por um empresário pró-governo, que ele alegou ter sido silenciado pelo então primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan.
Baransu foi absolvido de “obter dados pessoais” e “calúnia” no mesmo julgamento.
Ele foi preso em março de 2015 por supostamente adquirir e publicar documentos secretos do Estado em conexão com a divulgação de um plano de guerra chamado Plano de Operação Egemen (Soberano) e enviado à famosa Prisão de Silivri. Esse julgamento ainda está em andamento.
A investigação do arroz geneticamente modificado, bem como duas investigações de corrupção no mesmo ano – as chamadas investigações de corrupção de 17 a 25 de dezembro de 2013 – que implicaram o então primeiro-ministro Erdoğan, seus familiares e seu círculo interno foram atribuídos por Erdoğan ao movimento Hizmet, um grupo religioso altamente crítico de Erdoğan, e retratado como uma tentativa de golpe contra o governo.
O presidente Erdoğan mais tarde designou o movimento como uma organização terrorista e conduziu uma repressão maciça contra membros do movimento e os críticos em geral prendendo dezenas de milhares, incluindo muitos promotores, juízes e policiais envolvidos nas investigações, bem como jornalistas que fizeram reportagens sobre essas investigações.
De acordo com o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2020 da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), no qual a Turquia ficou em 154º lugar entre 180 países em termos de liberdade de imprensa, a Turquia é o maior carcereiro do mundo de jornalistas profissionais. O Stockholm Center for Freedom (SCF) documentou que 177 jornalistas estão atualmente atrás das grades na Turquia, enquanto que 168 jornalistas procurados por acusações forjadas de terrorismo foram forçados a viver no exílio. O governo turco, desde 2015, já apreendeu quase 200 meios de comunicação, incluindo o maior jornal do país e as redes de TV mais populares.
Fonte: Journalist Mehmet Baransu sentenced to 19 years, 6 months in prison