Tradutora turca indiciada por traduções de fontes de notícias em inglês
O 35º Supremo Tribunal Criminal de Istambul, na quarta-feira, aceitou um indiciamento que acusa a tradutora turca Sebla Kucuk de disseminar “propaganda terrorista” em três de seus tweets, que eram traduções de pequenas notícias de fontes midiáticas em língua inglesa sobre a ofensiva da Turquia em Afrin no norte da Síria no começo do ano
“Um deles é uma tradução de um artigo de notícia da Reuters, o outro é de um jornalista. No terceiro tweet, existe uma menção do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão], mas, novamente, é um artigo de notícia urgente a Reuters,” disse Kucuk, de acordo com o site de notícias Diken.
“Nos dois tweets, nem o nome do PKK nem do YPG [militantes curdos na Síria] foram mencionados. Apenas diz: ‘Forças Nacionais de Defesa apoiando o governo sírio’,” acrescentou ela.
Kucuk se transformou em um fenômeno no Twitter com suas traduções dos Tweets e notícia curtas de jornalistas americanos que haviam seguido o julgamento de Hakan Atilla, ex-executivo do Halkbank, condenado por um tribunal federal de Nova Iorque por conspirar para violar sanções dos EUA sobre o Irã e sentenciado a 32 meses de prisão.
“Obviamente [o promotor] ficou perturbado por minhas traduções a respeito do julgamento de Hakan Atilla, mas já que não encontram nada sobre eles, entraram com um caso de evidências sem base,” disse Kucuk.
A primeira audiência em seu julgamento será realizada em 22 de novembro.
Adam Klasfeld, um dos jornalistas americanos que seguiram o julgamento de Hakan Atilla, relataram sobre o caso de Kucuk a partir de seu Twitter.
“O [presidente Recep Tayyip] Erdogan se provou repetidamente não apenas como um inimigo da imprensa livre, mas um inimigo da liberdade de expressão, pensamento e consciência,” escreveu Klasfeld.
“Olá. Sou uma tradutora e estou sob julgamento,” tuitou Kucuk na quarta-feira.