Compra de S-400 russos pode afastar Turquia da OTAN
Segundo o jornalista e especialista em relações russo-turcas Cenk Baslamis, agora, tendo em conta as declarações feitas durante o encontro, podemos ver que a situação atual é melhor do que era anteriormente.
As relações entre a Rússia e a Turquia se agravaram bruscamente depois de Turquia ter abatido um bombardeiro russo Su-24 na Síria. O presidente russo Vladimir Putin descreveu o incidente como um “golpe nas costas” e introduziu sanções contra uma série de empresas turcas.
Desde o incidente e até hoje, os empresários turcos não ganharam quase nenhum concurso para obras de construção na Rússia. O chefe de uma empresa turca de construção, que antes trabalhava na Rússia, disse que sua companhia perdeu quase $ 2,5 bilhões ($R 7,9 bilhões). Cenk Baslamis também sublinha que esta questão afeta realmente uma grande quantidade de pessoas.
As relações bilaterais e os últimos acontecimentos na Síria se tornaram os temas em destaque no último encontro de Erdogan com Putin. A viagem de Erdogan para Sochi foi a primeira visita do líder turco ao estrangeiro depois do referendo constitucional na Turquia.
“Existem questões por resolver, mas considerando as declarações feitas ontem [dia 3 de maio], podemos ver que a situação está melhor do que era anteriormente. Há muitas questões que a Rússia trouxe para agenda e a Turquia reagiu positivamente. Por exemplo, a questão da criação de quatro zonas de segurança na Síria. A criação destas zonas de segurança prevê que a Rússia, o Irã e a Turquia, que são garantes do regime de cessar-fogo, desempenhem seu papel nestas zonas para diminuir a tensão e evitar os confrontos”, disse o jornalista.
Falando sobre a compra de S-400 russos que será realizada pela Turquia, o especialista disse que esta questão é mesmo mais importante do que a reconciliação na Síria. Se a Turquia comprar este sistema de defesa antimíssil, isso vai significar mudanças sérias na política externa da Turquia. “Isto pode significar o início do afastamento da Turquia da OTAN, ou uma ‘mudança de eixo’ depois dos acontecimentos de 15 de julho [na noite de 15 para 16 de julho de 2016, na Turquia ocorreu uma tentativa de golpe militar]”, disse o jornalista.