Melzer, investigador de tortura da ONU, deve visitar as prisões turcas na próxima semana
O relator especial das Nações Unidas sobre torturas, Nils Melzer, vai visitar a Turquia de 27 de novembro a 2 de dezembro, por convite do governo, onde ele também fará visitas a prisões e estabelecimentos de prisão preventiva cercadas de alegações de tortura, maus-tratos e estupro contra detentos após uma tentativa de golpe fracassada na Turquia.
Em uma declaração na quinta-feira, Melzer disse: “Aguardo com ansiedade me engajar com o governo turco quanto a como estar preparado para os desafios de manter o estado de direito, promovendo a responsabilização e cumprir o direito de reparações para as vítimas, particularmente no que ocorreu logo após da tentativa de golpe em julho deste ano”.
Melzer, um ex funcionário da Cruz Vermelha e da Suíça, atualmente trabalha na Academia de Genebra de Lei Humanitária Internacional e Direitos Humanos. Ele aceitou a função independente para a ONU neste mês, sucedendo Juan Mendez, cuja missão à Turquia para encontrar fatos agendada para outubro foi cancelada pelo governo turco.
Mendez, em uma declaração na época, expressou uma profunda decepção, citando a necessidade de investigar “alegações de severa superpopulação e condições precária em muitos centros de detenção por todo o país”.
“Um monitoramento da situação em lugares onde indivíduos são desprovidos de sua liberdade é uma medida de segurança crucial contra maus-tratos e tortura”, disse ele.
O cancelamento da visita do inspetor da ONU à Turquia em outubro surgiu apenas semanas depois que o Departamento de Polícia Nacional da Turquia foi acusado de ter removido evidências de tortura e maus-tratos de detentos pós-golpe antes da visita oficial de uma delegação do Comitê para a Prevenção da Tortura (CPT).
A Anistia Internacional declarou em setembro que havia coletado evidências confiáveis de que os detentos na Turquia são espancados, torturados e em algumas ocasiões estuprados em centros de detenção oficiais e não-oficiais por todo o país, em 24 de julho.
Logo após uma tentativa de golpe em 15 de julho, a agência de notícias estatal Anadolu divulgou sem pudor fotos de soldados torturados que haviam sido detidos por seu suposto envolvimento na tentativa de golpe. A mídia também relatou que vários detentos recentemente cometeram suicídio enquanto estavam na prisão.
A Turquia dispensou ou suspendeu mais de 125.000 oficiais entre os militares, na administração pública, judiciário e em outros lugares desde uma tentativa fracassada de golpe em julho. Enquanto que mais de 78 mil foram detidos, cerca de 36.000 foram presos para aguardarem julgamento por acusações de ligações com a tentativa de golpe, em uma repressão condenada por aliados ocidentais, grupos ativistas e o gabinete dos direitos humanos da ONU.
Fonte: www.turkishminute.com