Acusado de liderar levante militar na Turquia nega envolvimento
Agência de notícias estatal divulgou mais cedo que general acusado, Akin Ozturk, havia confessado seu papel em tentativa de golpe
O general Akin Ozturk, ex-comandante das Forças Aéreas da Turquia e apontado como líder da tentativa de derrubar o governo, negou ter participado da rebelião de sexta-feira e afirmou, inclusive, que tentou impedir o golpe, segundo emissoras de TV locais. “Não sou a pessoa que comandou o golpe do dia 15 de julho de 2016. Não sei quem planejou ou dirigiu este golpe”, afirmou o militar em depoimento à procuradoria.
A informação contradiz uma nota divulgada pela agência de notícias estatal Anadolu, segundo a qual Ozturk havia confessado seu papel no planejamento do golpe frustrado. Essa nota desapareceu pouco depois do site da agência.
Segundo a emissora NTV, Ozturk afirmou que no dia do levante planejava ir ao casamento da filha de um amigo e que teve que cancelar esse plano em razão do trabalho. “O comandante das Forças Aéreas pediu que eu fizesse algo para que os caças (rebeldes) não fizessem os voos rasantes. Em cinco minutos fui ao chefe do Estado-Maior, que estava na base”, explicou. Em depoimento, ele explicou que acompanhou os movimentos militares pela televisão na base de Akinci.
Ozturk, detido no sábado, foi levado nesta segunda-feira ao tribunal junto a outros 20 generais sob o pedido de prisão preventiva, com semblante visivelmente abatido e com uma proteção na orelha direita.
Os veículos de imprensa turcos começaram a especular no domingo que Ozturk, principal responsável das Forças Aéreas até agosto do ano passado, era cotado para ser o novo chefe do Estado-Maior se a tentativa golpista desse certo.
Após deixar as Forças Aéreas, ele foi incorporado ao Conselho Militar Supremo, o órgão militar que determina, entre outras questões, as promoções. Necdet Ozel, que foi chefe do Estado-Maior até agosto, disse à imprensa turca que nunca percebeu que Ozturk tinha intenções golpistas, já que, caso tivesse notado, o teria destituído.
Prisões
A polícia deteve 103 generais e almirantes das Forças Armadas turcas acusados de traição por envolvimento na tentativa de golpe militar – quase um terço dos 356 generais e almirantes que compõem a cúpula das Forças Armadas turcas.
Entre os militares com categoria de general, 16 pertencem às Forças Aéreas, 15 são almirantes da Marinha e seis fazem parte da Gendarmaria, segundo a lista completa de nomes publicada pela Anadolu.
Ao todo, 6.023 militares foram detidos, de acordo com os últimos números divulgados pelo primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim.
(Com EFE)