Gatos de Van salvos da extinção
Os gatos de Van, uma raça encontrada no leste da Turquia, estão engatinhando para fora da lista de animais ameaçados de extinção. Em 1992, havia menos de cem deles em seu habitat natural. Hoje, após os esforços de uma universidade local, são quase mil bichanos, todos eles com as características típicas da raça — um olho azul-turquesa e o outro cor de âmbar, destacados por uma pelugem completamente branca.
O sucesso da conservação dos gatos de Van foi recentemente divulgado pela imprensa local. Em janeiro, por exemplo, a agência turca Anadolu celebrava a expectativa de ninhadas fartas neste ano. Em março, foi noticiada pelo jornal “Daily Sabah” a criação de um abrigo especial para esses felinos.
Esses gatos, típicos dos arredores do lago Van, no leste da Turquia, são um símbolo regional. Historicamente, eram animais de estimação da aristocracia, incluindo um exemplar aos cuidados do sultão Abdel Hamid 2º no século 19. Diz-se, na região, que os gatos de Van são exímios nadadores.
Os gatos de Van não são um símbolo estritamente turco, porém. Van era tradicionalmente uma região armênia, antes de seu massacre durante o Império Otomano. Esse animalzinho aparece, por exemplo, no texto do escritor Vrtanes Papazian como um símbolo da libertação do povo armênio. Os gatos também são considerados tipicamente curdos, unindo assim três desses povos frequentemente antagonistas na região.
(O texto continua após a foto. Por favor não se percam entre os filhotes. Grato).
O crescimento da população dos gatos de Van deve-se a um centro de pesquisa da Universidade Yuzuncu Wil inaugurado em 1992. Esse instituto dedica-se à reprodução da raça e recebe anualmente mais de 20 mil visitas. O site Al Monitor descreve o local como um “hotel 5 estrelas para gatos”, com lençóis trocados a cada 15 dias e potinhos de comida esterilizados.
Apenas os gatos considerados “puros” são mantidos ali — ou seja, somente aqueles que apresentam os traços típicos da raça, incluindo a cor dos olhos, a largura do pelo e o porte. São hoje apenas 144. Poucos na ninhada nascem com essas características, e os demais são entregues a moradores locais, com a condição de que não vendam os gatos ou retirem eles da região.
Por Diogo Bercito