Jornalistas e entidades turcas denunciam ameaças à liberdade de imprensa no país
abril 12
15:47
2016
Jornalistas e órgãos sindicais turcos denunciaram ameaças à liberdade de imprensa no país, como a prisão de profissionais e a tomada dos meios de comunicação. No momento, há 32 repórteres detidos e 1.843 processos abertos pelo governo contra a mídia por “insulto” ao presidente.
De acordo com a Agência Brasil, os dados foram repassados pela presidente da Associação de Jornalistas da cidade de Izmir, Misket Dikmen. Ela reforçou que os recentes atentados que atingiram o país não podem ser usados como motivo para a censura.
“Na verdade, existe uma coisa que é mais perigosa, que é a autocensura. Muitos jornalistas estão presos, alguns há mais de um ano, e os julgamentos nem começaram”, disse. “Queremos ajuda internacional para a nossa situação. A imprensa na Turquia, como nunca aconteceu na nossa história, está sob pressão intensa”, completou.
O jornalista Mumtazer Turkone, demitido do jornal Zaman, avalia que o governo pratica uma espécie de chantagem com os países europeus. Em troca de abrigo para refugiados sírios, o país obtém silêncio das nações europeias, que não noticiam sobre ataques à liberdade de expressão.
Após intervenção estatal no Bugün, o jornal foi obrigado a fechar, perdendo dois canais de TV e uma rádio. Os jornalistas que trabalhavam para a publicação decidiram criar o Özgür Düsunce, que opera em um prédio antigo, na periferia de Istambul. O editor-chefe Mehmet Yilmaz foi quem investiu as próprias economias para fundar o veículo.
“Aqui não existe um patrão. Chamamos os amigos demitidos para trabalharmos juntos. Aqui, virou uma família. Este jornal é um símbolo da luta por democracia pela sociedade civil. Pela primeira vez na nossa história, um governo tomou conta dos jornais usando a força. Talvez o governo tome conta desta redação também. Se isto acontecer, vou pegar o meu paletó e fundar outro jornal”, contou Yilmaz.
Por meio da Embaixada no Brasil, o governo da Turquia alegou que o país é democrático e governado pela lei, sendo assegurada a independência do Judiciário pela Constituição. Afirmou ainda que a proteção dos direitos humanos é uma de suas premissas fundamentais.