Europa evita criticar cerco a mídia turca
Líderes da União Europeia (UE) pegaram leve ontem ao comentar o assédio do governo turno contra grupos de mídia ontem, cientes de que fortes objeções públicas poderiam comprometer um acordo sobre migração com Ancara.
Diversos representantes manifestaram preocupações, em público e em privado, sobre a tomada pelo governo do maior grupo de mídia de oposição, dono do jornal Zaman, que está sendo investigado a respeito de seus laços com o clérigo Fethullah Gulen, considerado um fora da lei pelas autoridades locais. Mas as críticas foram cuidadosamente dosadas de modo a não colocar sob risco um eventual pacto sobre imigração, uma prioridade do bloco.
Bélgica, França e Luxemburgo se pronunciaram publicamente sobre o tema, enquanto o Reino Unido e Jean Claude Junker, presidente da Comissão Europeia (braço executivo da UE), conversaram sobre o tema diretamente com o premiê Ahmet Davutoglu.
Mas, num sinal da ansiedade dos líderes da UE de assegurar um acordo migratório, o Reino Unido e a comissão de que os líderes da UE sinalizaram que conversarão sobre Justiça e legalidade na Turquia apenas quando as negociações sobre a filiação do país à UE começarem.
Selahattin Demirtas, líder curdo do Partido Democrático do Povo (HDP) disse que a influência do presidente Recep Tayyip Erdogan sobre o tema deu a ele liberdade para usar a força militar contra militantes da etnia no sudeste do país.
Desde dezembro, a Turquia vem utilizando o Exército em três cidades majoritariamente curdas para desarmar jovens milicianos. Centenas de combatentes e civis morreram nas ações.
Na semana passada, interventores apontados pelo governo fecharam meios de comunicação de propriedade do grupo Koza Ipek, ligado ao clérigo Gulen.
O jornal Zaman, que era um aliado Erdogan antes de tornar-se um de seus maiores críticos, foi publicado no sábado com uma capa onde se lia, em fundo negro, “Constituição suspensa”.
Fonte: aesp.org.br