Turquia ajuda rebeldes sírios a construir exército contra Assad
Um “Exército Nacional” sendo montado por rebeldes sírios com a ajuda da Turquia poderia se tornar um obstáculo de longo prazo à recuperação do Presidente Bashar al-Assad no noroeste, se eles conseguirem acabar com as rivalidades de facção que já há muito tempo são um flagelo para a oposição, informou a Reuters no sábado.
O esforço está no âmago dos planos da oposição apoiada pelos turcos para assegurar e governar uma faixa de território que faz parte de último grande bastião rebelde na Síria.
A presença de forças turcas na região ajudou a proteger de ataques do governo.
Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irã, jurou recuperar “cada centímetro” da Síria, e, apesar de que ele já reconquistou a maioria do país, a presença turca complicará qualquer ofensiva do governo no noroeste.
O papel da Turquia foi além de apoiar as forças sírias aliadas a reconstruir escolas e hospitais. Pelo menos cinco filiais dos correios turcos foram abertas na área.
O Coronel Haitham Afisi, chefe do Exército Nacional, diz que montar as forças não foi tarefa fácil ao longo do ano passado.
“Nós estamos no começo. Enfrentamos muitas dificuldades, mas estamos trabalhando para superar elas,” disse Afisi à Reuters em uma entrevista na cidade de Azaz perto da fronteira turca.
“Ele recentemente teve que emitir uma ordem instruindo os militantes a pararem de “abrir fogo aleatoriamente”, vestirem uniformes e cooperarem com uma polícia militar recentemente estabelecida que representa “a força da lei e justiça e não uma rival a outra facção”.
As facções também foram proibidas de operar suas próprias cadeias e tribunais e de realizarem prisões extra-judiciais.
O projeto também enfrentou ataques: Vários recrutas foram feridos em 5 de agosto quando sua cerimônia de graduação na cidade de al-Bab foi bombardeada. Afisi disse que era o trabalho de um “inimigo da revolução, sejam eles internos ou externos”. O perpetrador tinha sido identificado, mas ele se negou a dizer quem era.
O Exército Nacional é composto de cerca de 35.000 militantes de algumas das maiores facções na guerra, ele matou centenas de milhares de pessoas e forçou cerca de 11 milhões de pessoas de suas casas ao longo dos últimos sete anos.
Muitas tentativas anteriores de unir os rebeldes falharam, obstruídas por rivalidades locais e às vezes pelos planos concorrentes de estados estrangeiros que antigamente apoiaram muitos dos rebeldes na guerra síria.
O Exército Nacional poderia ser diferente por causa da presença da Turquia na região.
Os militares turcos avançaram no noroeste em duas campanhas. A primeira, “Escudo do Eufrates”, que foi posta em prática em 2016, expulsou o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ISIL) do território entre Azaz e Jarablus. A segunda, “Ramo de Oliveira”, capturou da região de Afrin ao lado, da milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG) no começo deste ano.
A área é importante para a Turquia por causa do que ela vê como a ameaça à segurança nacional representada pela YPG, que vê como uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que travou uma insurgência de três décadas na Turquia.
Assad diz que a Turquia está ocupando ilegalmente terra síria.
“Todo o apoio ao Exército Nacional é da Turquia, não existem outros estados fazendo parceria nessa questão”, disse Afisi.
O Ministério das Relações Exteriores turco não respondeu às perguntas da Reuters.
Apoio turco inclui salário dos militantes, apoio logístico “e armas, se necessário”. Ele listou três inimigos: Assad, o PKK e o ISIL.
A Turquia também montou 12 postos militares na província de Idlib e áreas adjacentes que estão localizadas a sudoeste de Afrin, sob um acordo com a Rússia e o Irã. O objetivo declarado é observar um acordo de “desescalada” na área de Idlib.
Assad indicou que Idlib poderia ser seu próximo alvo.
Afisi disse que o Exército Nacional poderia ser rapidamente fundido com os rebeldes apoiados pelos turcos em Idlib se necessário.
A situação em Idlib é complicada pela presença de jihadistas bem armados que lutaram com os outros grupos.
“Estamos prontos e estendemos nossa mão a todos os grupos que representem os objetivos da revolução”, disse ele.