Síria: Turquia exorta Paris a não “repetir os erros dos americanos”
O porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin, dirigiu este alerta a Paris na sequência de informações sobre a presença de tropas francesas em Minbej ao lado da milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), na mira da ofensiva militar de Ancara.
Soldados norte-americanos estão igualmente estacionados nesta cidade, um antigo bastião ‘jihadista’ retomado em 2016 pelas Forças democráticas sírias (FDS), dominadas pelas YPG e que têm sido apoiadas pela coligação internacional liderada por Washington contra o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI).
Segundo o Observatório sírio dos direitos humanos (OSDH), sediado em Londres e com ligações à oposição síria, cerca de 350 soldados da coligação anti-EI, sobretudo norte-americanos e franceses, estão hoje estacionados em Minbej.
Segundo a OSDH, a coligação enviou nos últimos dias reforços para a região, em particular destes dois países, num momento em que o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan multiplica as ameaças em atacar a cidade para desalojar as YPG.
“No decurso das conversações com os nossos homólogos franceses, disseram-nos que ‘o envio de soldados [para Minbej] não está na ordem do dia, não concedam qualquer credibilidade às informações dos ‘media'”, declarou Kalin em conferência de imprensa.
“Eis a nossa mensagem às autoridades francesas: não reproduzam os mesmos erros que os americanos”, acrescentou.
No entanto, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou recentemente que a presença militar norte-americana na Síria “está a chegar ao fim”, enquanto o líder turco repetia a intenção em prolongar a todo o norte da Síria a ofensiva militar “Ramo de Oliveira” desencadeada em 20 de janeiro e que já implicou o controlo do bastião curdo-sírio de Afrine, com um balanço de centenas de milhares de deslocados.
Ancara considera as YPG o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) que em 1984 desencadeou uma guerra de guerrilha no sudoeste da Turquia, habitada por larga maioria de população curda.
Na perspetiva turca, as FDS, que também incluem combatentes árabes nas suas fileiras, são uma espécie de pretexto para legitimar o apoio que os EUA e outros países ocidentais têm fornecido às milícias curdas.
A Turquia recusou uma oferta de mediação do Presidente francês Emmanuel Macron entre Ancara e as FDS, cujos representantes foram recebidos no Eliseu em 29 de março.